sexta-feira, 26 de abril de 2013

[Diários de Guerra] Mês 2

Boa noite! Sim, eu estou de volta, e resolvi recomeçar resgatando um post das antigas... uma das séries que abri e não continuei. Vamos ver como continua a batalha entre Protoss e Zergs!

Link para a primeira parte: http://elabateaporta.blogspot.com.br/2012/08/diarios-de-guerra-mes-1.html


Diários de Guerra

Mês 2


Tiros. Gritos. Foi difícil conseguir me comunicar enquanto isto tudo acontecia. Na verdade, eu estava lutando pela minha própria vida, sem qualquer chance de registrar o que se passava. Em um momento tinha guerreiros ao meu lado. No outro, como em qualquer guerra, precisei vê-los morrendo. Em geral, nas batalhas onde tomo parte, muitos do nosso batalhão morrem pois somos a vanguarda, mas levamos muitos conosco. Ah, foi uma visão animadora. Um solitário Cristal estava ainda de pé, fornecendo energia para um portal e uma nova estrutura: o Santuário das Trevas estava completo e funcional. A transdobra era um solitário mas crucial Templário das Trevas (TT). Veja, esses estranhos seres são invisíveis, passíveis de detecção apenas por estruturas muito específicas ou um radar dos terranos. E para a nossa sorte, nada disso estava disponível para os inimigos. O jovem TT começou a fatiar para lá e para cá sem que a força rival sequer entendesse o que estava acontecendo. O rapaz era rápido, então eles poderiam estar sendo atacados por um por meia dúzia de TTs, não tinham como dizer. Cinco soldados e três zergnídeos morreram antes que os caras se dessem conta do que estava acontecendo. Foi apenas quando o enorme tanque de cerco explodiu que o inimigo se mexeu. Bateram em retirada, com o rabo entre as pernas.

No entanto, desta vez, foi um massacre. Tive que recolher o meu enorme orgulho protoss entre as pernas e dar no pé, da forma mais lamentável possível: esperar uma enorme massa inimiga entrar na base e em seguida passar pelas costas deles, correndo com toda a velocidade que conseguia reunir. Isto não deu certo, pois fui visto por um trio de zergnídeos. Lutei o quanto pude contra eles, me restando nada além de um fiapo de energia. Contundido e sem muitas esperanças de sobreviver, me escondi novamente na base, atrás da linha de minérios, esperando apenas que toda ela fosse liquidada, a Nexus por último. As pobres sondas corriam em alvoroço, embora sejam apenas robôs. Algumas simplesmente desistiram e estavam paradas esperando pelo fim, assim como eu.Incrível como nossos oponentes estavam fortes. Zergnídeos, dezenas deles, ágeis como o vento. Só que um vento feio, imundo e fedorento. Baratas... sim, mas baratas blindadas, um gênero Zerg que Protoss terrestre nenhum gosta de encarar. Além de enormes e capazes de se enterrar em segundos, ainda soltam um detestável ácido verde. O pobre Alex que serviu comigo na batalha do Vale ganhou vários esguichos durante a luta e até hoje tem as marcas esverdeadas pelo corpo, e ele diz que ainda sonha com as aberrações durante a noite.

Quando eu esperava apenas por ter o último vislumbre de um jato de luz ou de uma gosma verde e então ser levado para a plenitude em Âiur, vivendo como uma alma resplandescente, ouvi o conhecido som de transdobra. Criei coragem, abri os olhos e corri para trás da Nexus, espiando pelo canto para ver o que havia acontecido.Foi heróico... mas a essa altura pouco sobrou da base, e em breve eles retornariam com capacidade para detonar com qualquer Templário das Trevas. E com certeza, com raiva. Muita raiva.Felizmente nosso Imperador não estava parado. Mandou os remanescentes para suas posições - eu e o TT para a porta da base. Mais um TT foi transdobrado, mas pelo visto não havia mais suprimentos. Então as poucas sondas restantes começaram a trabalhar novamente, e a Nexus estava começou a produzir e a acelerar a produção de novas.


***

Recebemos relatórios da situação no restante do planeta, e eu não sabia se comemorava ou me entristecia. Aparentemente ocorreram ataques simultâneos. Enquanto os Zergs nos atacavam com apoio parcial de outro Terrano, o restante das tropas dele se juntou ao terceiro Terrano do grupo e eles atacaram nosso aliado Protoss, que foi totalmente devastado. Em retaliação, nosso aliado Terrano foi até a base de um deles com uma frota de Vikings e destruiu tudo. Enquanto ele atacava, a força dupla Terrana entrou na base dele e acabou com tudo também. Sem mais bases, a frota foi ousada e partiu para o ataque em cima dos Zergs, enquanto a tropa zerg, que estava de tocaia no meio do mapa, voltava para defender a base. Os vikings fizeram seu trabalho, mas não antes de evitar a presença da tropa inimiga. Resultado: todas as bases destruídas, exércitos liquidados. Restou o ajuntamento de terranos que derrotou nossos aliados. De resto, somos nós, extremamente enfraquecidos, e o grupo Terrano rival, bem mais preparado do que nós, mas que teme o que faremos com nossos TTs. Neste exato momento, devem estar preparando naves detectoras contra nós.


***

Olá. Aqui é o Jonah. Hoje pela manhã, enquanto destruíamos o pouco que restou da base Protoss inimiga, encontrei este diário junto ao corpo de um combatente fanaticus. Li os textos, foi um momento particularmente prazeiroso do meu dia. Até li uns pedaços para os rapazes soldados aqui do grupo. Ah sim, não me apresentei. Jonah Sonam, demolidor, um dos muitos da nossa tropa. Somos jovens mas não há dúvidas que vamos levar essa  guerra. Os oponentes estão em fuga e são poucos. É apenas uma questão de batermos o mapa para termos certeza da vitória. Uma infeliz frota Viking dos inimigos destruiu nossos dois aliados (os vingamos derrotando outros dois oponentes), não fosse isto agora estaríamos todos juntos festejando nossa conquista. Não que eu fique triste em me ver livre dos Zergs, veja bem, ninguém gosta daquela mistura de inseto com lama... mas sinto bastante pelos nossos irmãos terranos que pereceram. Bem, é uma guerra e sempre há perdas para todos os lados.
Por algum motivo, decidi continuar este registro aqui. Vai saber, minha mulher sempre pediu para eu contar histórias da guerra e eu nunca tive brios para isso. Não há alegrias no campo de batalha. Quem sabe depois de ler estes registros, até manchados de bioplasma protoss, ela não se convencerá disto?
Mandamos batedores na noite passada para todos os cantos do mapa. Também construímos quatro quartéis no centro do mapa, deste modo teremos controle de todas as passagens com uma larga produção de tropas e ... mas o quê?
...
Um trêmulo recruta acaba de me trazer a notícia de que os quatro quartéis foram postos abaixo. Todo o grupo novo foi dilacerado. O único sobrevivente foi este rapaz, branco como giz. Ele diz que nada viram para se precaver do ataque... apenas nuvens translúcidas disformes.
Malditos Protoss. Os Templários estão vindo.

segunda-feira, 11 de março de 2013

[conto] O Túnel


Eram 11 horas e Estevan estava diante daquele túnel misterioso. Sabia que não tinha outra escolha a não ser atravessá-lo, mas isto não tornava a tarefa mais fácil ou desejável. Respirou fundo, bebeu o último gole da garrafa e a jogou na lixeira de cor berrante.
- Bom... já que não tem jeito... Lá vou eu. Ele tem planos para mim.
Pé ante pé Estevan foi, sentindo o chão grudendo se apegando nas solas de seu all star como uma amante exigindo carinho e atenção, CHAK CHAK, CHAK CHAK. Andou muito pouco dentro do túnel até a luz cair pela metade, e passar a depender quase que inteiramente de faróis que passavam velozes em intervalos irregulares.
Tão longo a lenta mas constante curva do túnel avançou e a boca pela qual entrou ficou para trás, Estevan se viu sozinho, esperando encontrar qualquer coisa naquela estreita passarela, como alguém que entra num filme de suspense. A cada poucos metros, portinholas nas paredes estavam sempre abertas, deixando à mostra interruptores e fracas luzes vermelhas. Elas pareciam dizer "sim, você não está sozinho, eles estão sempre aqui, espreitam com olhos rubros enquanto você caminha indefeso no território deles e esperam apenas uma mínima brecha para te fazer uma indesejável companhia". O homem por baixo da blusa pólo azul e branca estava suando e isto nada tinha a ver com a temperatura local. Estevan confiava, mas mesmo assim tinha medo.
O túnel parecia brincar, apresentando novos detalhes incômodos aos poucos. Primeiro a luz tênue, quase cegando mas deixando o suficiente para que as inquietantes novidades do caminho ficassem visíveis. Depois as portinholas. E agora iam aparecendo, um aqui, outro ali, pequenos objetos no chão. Uma colher partida ao meio. Um copo com um líquido pastoso emborcado no chão. Escritos ininteligíveis na parede. Um tecido escuro enrrugado... não, isto não é um tecido, percebeu Estevan com repulsa. E o excedente da produção natural humana, aparecendo lentamente em todos os pontos do pavimento fez apenas Estevan ter a certeza de que precisava apertar o passo.
De repente veio um sujeito no caminho oposto... civilização, ele pensou, estou chegando a algum lugar. Mas o sujeito tinha aparência estranha e ele lutou mentalmente entre se espremer na não confiável barra que o separava da rua de alta velocidade ou na parece certamente atingida diariamente e longamente pelos mais variados dejetos, orgânicos ou inorgânicos. Acabou não tendo opção, pois o outro optou pela barra e restou à Estevan fechar os olhos enquanto se espremia para a passagem do homem, mantinha o passo firme pois sentia que não podia parar um segundo sequer ali e o cuidado extremo em não encostar nas paredes. Esqueceu de considerar um último fator, no entanto, e um sonoro PLUUUUUUSHHHH soou pelo túnel quando seu allstar preto e branco fez potente contato com uma pilha particularmente repugnante de material humano. Perdeu apenas um segundo estremecendo e voltou a caminhar, tentando em vão não arrastar o pé seguidas vezes no pavimento. O movimento não o ajudou muito, pois o chão, desejoso por carinho, apenas fez com que ele ficasse grudado por um momento.
"Esteeeevan...", o homem podia jurar ouvir naqueles momentos de pavor em que percebeu que tentava avançar sem nenhum sucesso. Não havia qualquer sinal da luz no fim do túnel. Em seguida, soavam retinires de metal, gargalhadas e vozes agonizantes. Ele logo percebeu que o segredo não era fazer força... porque a força para aquela tarefa não vinha dele, afinal, não fora ele quem escolhera passar por aquele lugar. Tão logo se deu conta disso, bastou piscar e estava indo adiante, percorrendo o túnel com uma velocidade maior do que antes de se ver preso.
Mais um sujeito carregando uma caixa passou, e desta vez Estevan escolheu o lado da barra, e passou com mais confiança, pois começou a ver o primeiro sinal da luz... noturna. Tinham parecido minutos ou horas de dor, não sabia, mas o fato é que um bom tempo se passara desde que entrara ali. Já estava quase na saída, então diminuiu o passo, se sentindo confiante. Um erro. Um sujeito com uma enorme sacola preta entrou pelo túnel instantes depois. Cambaleante, claramente alterado e nada convidativo. Desta vez Estevan praticamente correu.... e tão logo estava uma vez mais respirando o ar do exterior.
Sentiu alívio e satisfação ao mesmo tempo, tinha cumprido o que prometera, não tinha se esquivado da tarefa. Virou o pulso para olhar a hora em seu relógio... e percebeu que não estava de relógio. Tentou alcançar o bolso para ver então o celular, mas também não estava com ele. Na realidade não havia bolso, nem calça, nem tampouco pele. Só havia o vazio.

Ele acordou consternado, e só sossegou quando percebeu que estava entre seus lençóis. Um sonho. Levantou a mão para pegar o relógio de pulso que deixava ali todas as noites antes de dormir... e só encontrou no lugar uma colher quebrada ao meio. Ele congelou.

sexta-feira, 1 de março de 2013

[Yacamim Livro 1] Capítulos 20 e 21

Boa noite! Aqui, afinal temos a revelação da verdadeira identidade da assassina do pai de Vic...


CAPÍTULO 20

Noite. A Lua cheia dava uma visão bem satisfatória do ambiente, mesmo ali nos arredores da mata. Já conseguiam divisar a entrada de Petrópolis, um clarão azul que era a rodoviária adiante. Os três estavam compenetrados, mas não havia ainda um plano coletivo. Bom, pensou Vic, agora é o momento para explica-lo.
Amanda, Clara.
As duas pararam e olharam para ele em silêncio. De certa forma, elas pareciam saber que um plano existia desde o princípio. Talvez fosse porque a caminhada do Rio de Janeiro à Petrópolis serviu como uma espécie de travessia de evolução. Victor não era mais o mesmo, talvez nem mais fosse Vic. Ao longo das horas de percurso, foi se comunicando e conectando cada vez mais com os Supremos, e sentindo sua energia diminuir cada vez menos. Ainda era exaustivo, mas não estava sozinho. Yacamim estava ali, com ele, em cada passo. Eles logo seriam um só. Ou assim ele esperava.
As moças sentiram esta mudança. Era como se ele pulsasse em um ritmo diferente. O comportamento delas era de respeito pleno, como se estivessem diante de alguém extremamente poderoso e não estavam erradas em pensar assim.
A Fortaleza disse Vic conseguem vê-la?
Que fortaleza? respondeu Amanda Não vejo nada além daquela rodoviária e mata.
Lembram do sonho que contei a vocês? Lá é nosso destino. Nos arredores da cidade, mas sem de fato estar nela, e em plena serra. O local perfeito para tornar difícil a localização e o rastreamento, mas estando perto de um centro para todas as necessidades. Não sei como você conseguiu rastrea-los lá debaixo, Clara elogiou Vic. A garota levantou levemente as sobrancelhas como quem diz, "Bom, sou eu, né?" Acredita que você já pode entrar nas comunicações deles sem que nos detectem?
Claro, só me aponte na direção. Não consigo ver nada.
A visão de Victor de fato estava melhor, porque olhando em volta com frieza, percebeu que ainda estavam a quilômetros de distância dos muros de pedra do lugar.
Cerca de trinta graus à esquerda da rodoviária, uns três quilômetros adiante.
Uau, isso é que é visão espantou-se a hacker Tudo bem, isto vai levar só um momento.
Ela sacou seus utensílios da mochila e os preparou com grande agilidade. Ali estava novamente o 
rádio antigo modificado, plugado no laptop. Logo o sistema iniciou, e os dedos dela viraram um borrão. Inúmeros programas e códigos abertos e digitados. O método era mais complexo que o anterior, e levou um pouco mais de tempo. No entanto, a sintonia de estação foi precisa. Mal o rádio deu sinal de vida, vozes se fizeram ouvir dos alto-falantes.
... e traga os monitores para cá também. Não pretendo sair daqui até que nossos homens estejam em posição.
Sim, chefe.
Qual a última sinalização dos Terríveis?
Já tomaram conhecimento do terreno e estão entrando em posição, senhor.
Excelente. Onde está o meu bendito jantar?
O Chef já está finalizando, disse que o senhor irá simplesmente adorar a nova receita.
Ótimo, ótimo, traga logo estas telas para cá.
Estática. Vic abaixou e desligou o rádio. Tinham ouvido o suficiente. Vertigo estava lá, ao alcance.

Era preciso pôr o plano em ação, e rápido, antes que todo o sistema de vigilância e proteção estivesse totalmente pronto e tornasse as coisas bem mais difíceis. Talvez a Companhia pensasse que estavam bem mais longe do que de fato se encontravam. O poderoso grupo optara por os subestimar, e isto era muito ruim. Para eles.
Vic... os Terríveis...
Amanda estava com uma voz diferente. Pela primeira vez, a corajosa moça soava amedrontada.
O que houve, Amanda?
Se Vertigo chamou os Terríveis, as coisas vão ficar bem mais sangrentas.
Era Clara quem falava, pois a garota loira parecia ter perdido a voz.
Você talvez não os conheça, estava vivendo sua vida feliz enquanto eles ganhavam fama. Os sete sanguinários. Ficaram famosos por matar com precisão e dor. A máxima que pudessem provocar, e que o tempo permitisse. Imagine como se tentassem matar o máximo possível da pior maneira que pudessem. E eles eram muito criativos. Ela deu um sorriso que não expressava qualquer felicidade Nos tempos em que atuaram para a ditadura, não importava quem entrava na frente. Rebeldes ou inocentes, mulheres ou crianças, o gatilho era o primeiro a se pronunciar. Atiravam sem dó até o cão da arma latir. E então recarregavam e atiravam mais. Minha família foi dilacerada por eles. Os poucos que sobraram, meu irmão, minha tia e meus avós, fugiram do país. Mas eu... eu quis ficar. Não iria deixar que a morte deles fosse em vão. Nem que os Terríveis ficassem impunes. Ela soava fria, e a dureza na voz dela assustou Vic Esqueça dinheiro ou a maldita missão em que Dan me meteu. Não irei me deter até que cada um destes desgraçados tenha deixado este planeta.
Silêncio se seguiu. A fibra e determinação na voz de Clara eram uma parte dela que ele desconhecia e que, no entanto, ficou tremendamente grato por descobrir. Precisaria de cada grama da habilidade dela para que o plano desse certo.
Bom... retornou Vic lentamente o que podemos depreender desta conversa de Vertigo com seu capacho?
―Que os Terríveis estão no jogo, prontinhos, nos esperando. Leoa não, ela certamente está na retaguarda.
Leoa?? Isto acrescentava ainda mais adrenalina ao sangue de Victor. Se a assassina de seu pai também estava ali...
É, Vic Amanda se pronunciou finalmente ela também era uma Terrível.


CAPÍTULO 21

Leoa... era uma Terrível? Por que então se separaram?
Ao que parece seguiu Amanda Vertigo se encantou por ela e suas habilidades sanguinárias ainda mais do que dos outros seis. A quis como pistoleira particular. Ela hoje é o braço direito dele, uma das poucas pessoas em quem ele confia cegamente.
Mesmo sem ela... eles são praticamente invencíveis. disse Clara Ninguém que os enfrentou em batalha viveu para contar. Sabemos quando eles estão em ação pela destruição que fica para trás. Árvores retorcidas, queimadas, vaporizadas. O solo em cacos. Rachaduras e buracos enormes. Comunicações cessadas, locais inteiros sem energia e telefone. Corpos totalmente dilacerados e deixados para trás das mais variadas e piores formas possíveis. Enfim... o completo caos.
Eram cenas macabras mesmo na imaginação. Agora entendia o porquê de serem chamados de Terríveis.
Vic, Vertigo não está para brincadeira alertou Amanda Ele não vai colocar simples homens armados contra você. Como nós, ele não sabe a extensão do seu poder, e por isso mesmo o teme terrivelmente. Posso apostar que ele vai dar carta branca aos seis, para acabar com o jogo o mais rápido que puder. Ele está na posse do manuscrito, e sabe que a cada segundo o seu poder cresce.
E ele sem dúvida está confiante, pessoal era Clara, que olhava dados em seu computador acessei o sistema deles, a Companhia tem feito compras enormes nos últimos dias. Gasolina, suprimentos... em números exorbitantes. Isto no mercado legal. Nem imagino o que tenham adquirido no mercado paralelo.
Armas, certamente disse Vic eles estão prontos para a invasão platina. Aposto que nem iriam ficar para o meu enterro...
Vic!!
De qualquer forma, está na hora de agirmos. Vamos pôr o plano em ação, vou explicar os detalhes...
Vic passou meia hora explicando o melhor que pôde tudo que havia arquitetado naquelas últimas horas. Amanda deu instruções a ele, ele deu instruções às duas. Mas já esperava resistência, e ela não tardou a vir.
De jeito nenhum rejeitou Amanda você que eu assista de camarote esse plano suicida?!
Amanda...
Sem chance! Eu já perdi o Dan, mas ele se sacrificou por você! Para que você fosse adiante! Dar
uma de kamikaze seria o fim para nós. Bom, o fim para todos.
E você acha que eu não sei disso? Vic não pretendia, mas estava irritado Você não é sequer capaz de imaginar a dor e a falta que Dan me faz. Ele era tudo que eu tinha! Principalmente depois que Seu Carlos se foi... suspirou longamente, controlando as lágrimas que cismavam em surgir. Ele era a única conexão que eu tinha com a minha vida pessoal. Agora estou apenas diante do desconhecido. Em menos de uma semana, assumi uma identidade, uma causa e um nome que me eram inexistentes. Perdi minha família, fui sequestrado, e isso tudo sem ter a menor idéia do que estava acontecendo na maior parte do tempo. Então não venha me dizer que eu não sei o que está em jogo!
Victor eu não quis... ela soou de fato constrangida Desculpe. Eu perdi a cabeça.
Também peço desculpas, eu passei do ponto. Mas não pense que vai ficar assistindo. Eu preciso da sua ajuda, só que não da forma que você estava imaginando... eles nunca vão saber o que os atingiu. 

sábado, 29 de dezembro de 2012

[A Revolta Selvagem] Prólogo

Boa noite galera!

Eu hoje tive uma ótima ideia que acredito ter potencial para um pequeno livro. Não sei se vou ter tempo, empenho e estímulo para fazê-lo, então não posso garantir. Se for o caso, é bem possível que esta "proposta" de Prólogo seja editada para melhor introduzir a história. De todo modo, compartilho com vocês o que escrevi até então em uma viagem de carro.

Espero que gostem. E isto também é um até 2013. Feliz Ano Novo a todos!!


A Revolta Selvagem


Prólogo


A velha rainha tinha duas filhas gêmeas. Clea e Juliet eram ainda moças quando um embate entre Rilop, o selvagem febril, e Servus, o príncipe e futuro Rei, levou embora o jovem sucessor. Não havia provas, mas Juliet passou semanas chorando e jurando de pés juntos que Rilop usou uma pequena lanceta envenenada pelas costas do príncipe em uma das pausas cordiais da luta. Eu juro, dizia ela entre lagrimas, na pausa o infeliz espetou a lanceta dentro da maçã e a ofereceu todo amigável! Servus nem percebeu o que havia engolido, mas era claro para todo o castelo que de parte em parte do combate o príncipe ficava mais lento e vulnerável. Sua técnica, que superava a do selvagem, não o salvou quando um movimento muito mais lento abriu sua guarda. Rilop não desperdiçou, e a cabeça de Servus rolou pelo chão de mármore, um brinde rubro sendo servido em pleno ar para a família real. Os selvagens capturados foram libertados e se uniram a Rilop, que prometeu nunca mais se aproximar do Castelo Aigamar.
Dali em diante, Clea e Juliet passaram a ser educadas severa e regularmente para assumirem o papel de rainhas quando preciso, sucedendo a mãe. A rainha tinha este importante papel há décadas e o povo dizia que ela viveria para sempre, mas rainha Milena fora muito clara: a dor pela perda de Servus era grande e inesperada, mas as regras deviam ser seguidas. O trono de Aigamar precisava ter sempre um sucessor em treinamento. Aigamar tinha o importante papel de legislar sobre todas as terras da Sombra. Se caísse, a luz dominaria estes terrenos, o equilíbrio necessário seria desestabilizado e todo o planeta de Vendit colapsaria sobre si mesmo, potencialmente levando para o mesmo fim todo o sistema solar de Teuma.
Frente a isto, Aigamar tinha os melhores guerreiros de Vendit, assim como os melhores magos de sombra. O papel dos guerreiros era meramente garantir a ordem e paz entre as colônias das sombras. Já os magos eram os responsáveis pela grande tarefa. No complexo ciclo de estudos na Casa Sombria, os magos formados aprendiam as artes contra a luz. Pode parecer estranho, mas eles eram tão bons quanto se pode ser. Lutar contra a luz não os tornava maus: estes apenas faziam o que era necessário. De seus postos nas fronteiras da luz e protegidos pelo arco de Aigamar, um enorme monumento que os fincava naquela realidade e ao mesmo tempo dava energia para os feitiços, os magos se revezavam para manter a luz distante.
Clea e Juliet conheciam bem essa realidade, pois a estudavam todos os dias. O treino já durava mais de dez anos, e ambas tinham plenas condições de governar. Clea era mais rígida e determinada. Já Juliet era um tanto contida, tímida e um pouco peluda, mas tinha algo que faltava à irmã: a capacidade de analisar todos os lados de uma situação, fosse de pobres ou ricos, magos ou prisioneiros, e dar um veredicto que fosse justo, não apenas apropriado. Nem sempre as leis de Aigamar apoiavam isso, mas Juliet era assim.
Não achavam que precisariam se preocupar nunca com quem iria ocupar o cargo de rainha, a mãe tinha fôlego para governar por mais 50 anos sem qualquer duvida. Até que numa manhã, uma das criadas soltou um grito que pôde ser ouvido em todo o castelo. Clea sempre acordava cedo para praticar arremesso de facas com a mão esquerda enquanto escrevia poemas com a direita, tudo ao som de música clássica e por vezes celta. O grito também trouxe Juliet dos estábulos, o arreio do cavalo seguro na mão com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos.
- O que aconteceu, Pleuna?! - perguntou aflita.
- A... o.... Oh meu Deus, estamos perdidos... - foi tudo o que a mulher disse antes de sair correndo aos soluços. As gêmeas, que chegaram na porta do grande quarto real ao mesmo tempo, se entreolharam. A diferença entre as duas era enorme, embora em aparência fossem muito semelhantes. Clea tinha uma expressão mais decidida e Juliet mais calculista e bondosa, mas ambas possuíam os mesmos olhos azuis astutos e o cabelo loiro escuro, grandes franjas caindo sobre o olho esquerdo. Elas respiraram fundo e entraram juntas, de mãos dadas.
Nada parecia errado. A rainha estava sentada em sua poltrona predileta, de frente para a enorme janela circular que dominava o quarto. Ela estava de costas para a porta e parecia estar muito confortável. As irmãs, confiantes, chegaram perto. Quem sabe a criada gritou por ter ouvido uma grosseria. Milena nunca era grosseira com quem quer que fosse, porém detestava ser interrompida quando estava perdida em pensamentos diante de sua janela e sentada em sua poltrona. De repente uma conjuntura de fatores tinha provocado aquilo, apenas uma situação desagradável. Mas nada era tão simples...
- Clea... Ali na janela..!! - disse em um arquejo de desespero Juliet.
Clea se aproximou e observou o que a irmã apontava. Logo percebeu que havia um buraco irregular no vidro. Em seguida olhou para a mãe... e ficou branca.
A rainha Milena estava com uma expressão tranqüila e calma. Os olhos estavam sem nem mesmo piscar. Uma lágrima escorria por seu olho esquerdo, mas da cor vermelha. Ela vinha de um ferimento fatal na testa dela, do qual uma enorme mancha preta já havia se formado. O típico veneno...
- Lorde nos salve... Irmã, estudamos isso todos os dias! - disse Juliet.
Clea estava sem palavras, mas olhou firme para a irmã em pânico.
- Sim. O selvagem febril quebrou sua promessa. Ele voltou para destruir o que restou da família real.

A rainha estava morta. O momento das gêmeas havia chegado. E junto com ele, o destino de Aigamar, das terras sombrias, do equilíbrio entre luz e sombras, do planeta Vendit e talvez de todo o sistema de Teuma. A Revolta Selvagem estava começando.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

[Yacamim Livro 1] Capítulos 18 e 19

Aí seguem mais dois capítulos e o primeiro insight sobre os vilões...


CAPÍTULO 18
Vic estava sobre pedras íngremes em uma colina sombria. Tudo em volta era breu, exceto o caminho no qual se encontrava, que ia sempre subindo. O percurso era iluminado por um fundo cor de fogo em brasa, o que dava vida apenas às silhuetas das cordilheiras rochosas e dava ao local uma aparência de uma fornalha gigante.
Sabia que precisava seguir, pé ante pé, rumo a fortaleza no topo. Era enorme, deviam caber uns mil Maracanãs ali dentro. Ele seguiu sua escalada heróica, temendo tropeçar a cada nova investida, caindo no infinito que o cercava de ambos os lados. Pequenas pedras se soltavam cada vez que seu pé dava impulso para levar o corpo à frente, o impacto delas rolando pela encosta gelava o estômago do garoto. A fortaleza ia se aproximando lentamente, e com ela a iluminação da trilha e a confiança aumentavam.
Depois do que pareceu uma eternidade, o portão estava ali, diante dele. Ofegando terrivelmente, ele apoiou as mãos nos joelhos para se recuperar. Sentia o peito subir e descer veloz ante o grande
esforço. Gotas de suor escorriam de seu rosto. Todo o esforço, no entanto, fora válido. Lá estava ele. Bastava entrar...
Ele esticou os dedos, agarrando uma das barras do portão com força. Chegou a sentir o contato gelado do ferro com a pele por um momento, e então tudo se tornou escuridão.
O ritmado e agradável som das ondas do mar batendo na areia. Vic estava de olhos fechados, deitado confortavelmente, provavelmente em uma espriguiçadeira , muito próximo à água. Abriu os olhos lentamente. Acertou a superfície na qual estava esticado, seu jeans e blusa branca esquentando ao sol. No entanto, estava distante do quebrar das ondas, até mesmo longe da areia. Encontrava-se na varanda de uma casa de praia... a mesma que visitou em sonho, dias atrás.
Não se assustou, embora o coração batesse mais rápido. Sentou-se devagar, e lá estava Apoena diante dele. Talvez ela estivesse ali desde o princípio, ou talvez houvesse se materializado naquele momento. Pouco importava. Vic estava tremendamente feliz por estar ali, pois estava desesperadamente precisando da ajuda dos Supremos.
Olá, Yacamim. Bem-vindo novamente.
Apoena saudou ele em reverência. Ela sorriu em resposta.
Não é preciso palavras. Hoje gostaria de me comunicar com você por intermédio da energia.
Tome isto como uma aula. Daqui em diante, este tipo de contato será fundamental, pois pode ser feito de maneira rápida, enquanto está consciente e em ação. Considere como um auxílio direto e imediato, do qual você muito necessitará.
Com isto, ela se calou. Fez o gesto da Hélio-Hidra e abriu as mãos, repousando as palmas para cima nas pernas cruzadas. Vic a imitou, e tão logo o fez, sentiu Yacamim preenchendo cada parcela de seu ser. Mais do que isto, não era como ser um passageiro em uma viagem emocionante, ele era parte daquilo. Via e sentia o que Yacamim vivenciava. A união das duas personalidades estava começando.
Foi como abrir um canal de diálogo, começar uma conversa. Mas não qualquer conversa, era uma experiência única e extremamente prazeirosa. Tudo era escuro e silencioso, nada se fazia sentir além de uma energia poderosa e fluida que vinha na direção dele, como se estivesse parado diante de uma onda quebrando. Porém, não houve dor ou impacto, e Vic não foi carregado pelo mar. A energia veio e circulou o corpo do rapaz, passando informações com uma plenitude de sentidos que palavras jamais fariam. Ele viu relances da fortaleza, de galpões, de mata e água corrente. Viu seis homens e uma mulher o parados diante dele, em formação triangular com a mulher no centro. Sentiu o aroma de terra molhada, de nascente, de pólvora. De sangue. Ouviu risadas e gritos, trechos partidos de conversas e ameaças. Tudo isso enquanto sua pele reagia em sincronia aos estímulos, os pêlos se arrepiando, os músculos enrijecendo e relaxando como antes e depois de uma batalha.
Logo após, tão rápido quanto vieram, os estímulos se foram. Mas Yacamim não os deixou partir sem dar em troca. Mandou grandes doses de energia na direção da corrente: fé, compreensão, alegria, agradecimento. Aromas de flores, da mata, do sol quente. Sons de animais, do farfalhar das folhas ao vento, pios de coruja e cantos de cigarras. Imagens de estrelas, muitas estrelas. O nascer e o pôr do sol, o bater do mar contra rochedos. E uma gratidão avassaladora, de espantar por seu tamanho e força.
A corrente continuou viva, pois os três outros Supremos Terrenos abriram seus canais e vieram à Yacamim. Talvez a gratidão manifestada tenha batido à porta deles, desejosa por entrar. Toda a troca já travada então circulou por eles, e cada um adicionava sua visão e sentimento ao conjunto. Como uma enorme cadeia positiva de amor, coragem, fé, receptividade, alegria e gratidão, os cinco ali unidos pareciam pulsar em união. Enquanto a cadeia girava entre eles, cada vez maior e mais bela, uma luz alva e brilhante ia ganhando força, brilhando cada vez mais. A escuridão no entorno foi se afastando, dominada pela maravilhosa claridade. A cadeia de sentimentos girava tão rápido agora que não mais agregava novas informações. Pelo contrário, parecia agora que todos eram uma unidade só, que por sua vez abastecia a crescente luz que agora ia dominando as sombras por completo. A velocidade ia aumentando cada vez mais, até que as sensações não eram mais separadas umas das outras. Havia uma só, que resumia todas as outras. Por fim, o ciclo era tamanho que a luz se abasteceu completamente. Houve uma explosão de claridade, e tudo se tornou branco como neve.
Pios. Pios de pássaros. Vic abriu os olhos. Estava dentro de seu saco de dormir, assim como Amanda e Clara. O sol começava a bater na lona. Espiou o relógio de Clara, que repousava ao lado da mochila: 7:30. Lentamente, para não acordar as duas, saiu de seu casulo noturno, abriu o zíper da barraca e partiu para a claridade lá fora.
Era uma bela mata, com árvores altas e frondosas a perder de vista. Embora a beleza fosse o suficiente para perder o rumo e admirar solenemente por vários minutos, Vic não tinha olhos para a natureza local. Sentou ao lado da barraca e fechou os olhos, relembrando os maravilhosos senti- mentos que vivenciara em sonho. Tão logo o fez, os sentiu pulsarem dentro de si. A deliciosa sensa- ção o pegou de surpresa, e ele caiu deitado de costas na grama. O coração batendo rápido, respirou e inspirou alongadamente, e tornou a "tocar" aquelas agradáveis sensações. Novamente elas vibra- ram em resposta. Imediatamente percebeu que não eram meras emoções que respondiam, eram os próprios Supremos. Fascinado, tornou a entrar em conversação, aprendendo e dividindo experiênci- as, novamente contando com a presença de Yacamim naquela abençoada floresta.
Algum tempo depois, as moças saíram da barraca. A súbita presença delas fez com que ele saísse de seu estado de concentração e, com isso, rompesse a comunicação. Não se importou. Não fazia idéia de quanto tempo estava ali, mas havia depreendido o suficiente por agora. Tinha certeza de que estas conversas com os Supremos faziam parte de seu treinamento, e agora entendia a busca interna que precisava fazer para encontrar a si mesmo e consequentemente, se tornar de fato Yacamim.
Bom dia, moças. Acordei cedo e não quis acordá-las. Tive um sonho...
Vic colocou as duas à par do que vivenciou em sonho e tentou traduzir o melhor possível a experiência sensorial que teve com os Supremos, tanto dormindo quanto acordado, logo em seguida. Clara fez uma expressão enigmática, que podia indicar que não havia entendido ou acreditado em uma palavra sequer, ou que estava refletindo intensamente sobre aquilo que ouvia. Por sua vez, Amanda estava fascinada, os olhos brilhando intensamente como de costume quando ouvia os relatos relacionados à Yacamim.
Ao terminar, Vic deixou as duas pensarem sobre a novidade e começou a preparar o café-da-manhã. Agora que havia interrompido a conversação com os Supremos, a fome havia aparecido, não só pela primeira vez no dia como avassaladora. Aparentemente, por mais maravilhosa que fosse a experiência, era preciso tomar cuidado, pois grandes doses de energia lhe eram retiradas para poder vivenciar aquele tipo de ligação divina pelo menos por enquanto.
Os três comeram frutas e ovos mexidos. Vic preparou a fogueira enquanto Clara quebrava e mexia os ovos e Amanda cortava as frutas. As duas pareciam ainda surpresas demais para falar, o que não o incomodou. Parecia-lhe ter passado anos falando desde a noite anterior.
Embora tivesse descrito para as duas as sensações de se comunicar com os Supremos por intermédio da energia, o que foi conversado não entrou em questão. Vic começava a arquitetar um plano, com todo o suporte das divindades, mas preferia manter isto em sigilo por enquanto. Adiantar detalhes antes da execução apenas seviria para deixa-las ansiosas desnecessariamente.
Cerca de dez minutos depois, seguiram viagem. Fogueira apagada e coberta com terra, barraca dobrada, os três seguiram trilha rumo à Petrópolis, cada qual com um peso nas costas: Amanda com a sacola de suprimentos, Vic com a barraca e Clara com sua mochila. A caminhada ainda era longa, mas iriam esticar viagem o quanto fosse possível, parando pouco a fim de chegar à cidade imperial antes do anoitecer.

CAPÍTULO 19

O avião chacoalhava intensamente. Certamente era um daqueles transportes antigos, que deveriam estar em um museu ao invés de ainda assolar os céus com suas enormes formas moldadas no horizonte. Uma gigantesca ave metálica como aquela poderia fazer um estrago imenso caindo em uma metrópole como São Paulo. Deus que o livrasse disso. Pelo menos hoje, que esse maldito avião chegasse inteiro a seu destino.
Fazia algum tempo que Vertigo não chamava os seis membros de elite ao serviço. Mas ali estavam eles, atendendo ao chamado novamente. Ganhavam a vida como mercenários durante os tem- pos de ditadura militar. Naquela época, eram sete. Pouco importava o empregador. Quem pagasse mais, teria o prazer de receber os serviços dos Terríveis. Até que Vertigo e a recém formada Compa- nhia enxergou o talento deles. Colocou a equipe de pesquisa para trabalhar, e um ano depois, os chamou para a sede. Um tanto apreensivos, os sete ficaram diante do poderoso chefe para receber, de suas mãos, poderes sobrenaturais, nas palavras dele. A única condição: a única mulher seria se- parada do grupo, trabalharia especialmente para ele. Todos se conheciam desde que se entendiam por gente, quase todo o tempo com armas nas mãos. No fim, o poder pulsante e a imensa possibilidade de serem simplesmente mortos caso resusassem ganhou, e ali os sete passaram a ser seis. Apesar da ruptura, desde aquele dia eram invencíveis em batalha. Nada os fazia sombra. Toda batalha era um espetáculo, com cada um desfilando suas habilidades adquiridas. Porém, era caro mantê-los na luta o tempo todo e, por isso, eram a elite. O topo do exército da Companhia. Só entravam
em ação em pontos-chave. Não estavam reclamando, entraram no avião ávidos por batalhar novamente. Treinos exaustivos e bonecos não se comparavam ao real. E pela animação de Vertigo ao telefone, a coisa era grande. Finalmente o antigo sonho do chefe à vista, e um prêmio polpudo caso cumprissem a meta: matar o herói. 

sábado, 17 de novembro de 2012

[Yacamim Livro 1] Capítulos 16 e 17


Olá, caros! Preparem-se porque aqui os preparativos acabam. Está na hora de começar a ação! o/


CAPÍTULO 16

Mas senhora Silvia, ainda não entendo...
Querida, estamos conversando há quase uma hora, deixe as formalidade de lado. Me chame apenas de Silvia, sim?
Certo, claro...
Amanda e Silvia, a senhora moradora do apartamento, estavam sentadas à mesa da salinha. Clara, totalmente desinteressada do assunto, vendo que ninguém lhe dava um motivo satisfatório para estarem ali ao invés de seguir para enfrentar a Companhia e, principalmente, os Terríveis, desistiu. Estava sentada sob os joelhos em um velho sofá a um canto da sala, digitando distraídamente em um de seus laptops. As mãos dela voavam pelas teclas, mas ela mal parecia prestar atenção, como se estivesse descarregando energia, fazendo uma terapia ao teclar. Já Vic estava encostado na janela, olhando o movimento da rua abaixo deles, refletindo sobre tudo o que havia acontecido até então, e tentando decidir que passo tomar a seguir.
Ah, me desculpe menina, eu ainda não decorei seu nome. Você já me disse, eu sei, mas a idade...
É Amanda, senho... quero dizer, Silvia.
Amanda, sim, sim... é verdade. A senhora tomou o último gole de seu chá. Depois levantou os olhinhos miúdos e admirou a garota-índia. É um nome tão bonito quanto você.
Obrigada respondeu Amanda, levemente constrangida.
Você ainda não entende, não é? Deixe-me explicar. Silvia pousou as mãos no colo e olhou em volta. Era uma senhora simpática, que usava pantufas, saia azul comprida e uma blusa em V sem decote. Os cabelos brancos estavam presos em um coque, e um colar de conchas repousava em seu pescoço. Parecia uma típica senhora, vestida com roupas de senhora, e amistosa como as senhoras costumam ser. Minha diversão, junto com meu marido, era trabalhar na magia e construir níveis cada vez mais avançados dela. Nosso espaço de treino era este apartamento. Com o tempo, ficamos tão bons nisso, que descobrimos ser capazes de afetar todo o prédio. Anos depois, ele, que era mais forte, conseguia interagir comigo, comunicar frases simples ou pequenas ações a quilômetros de distância. Eu e ele treinamos muito e usávamos este apartamento para treinar. Meu marido...

Ih, de novo? Era Clara. Ao ouvir menção pela enésima vez do marido, ela fechara o laptop com força, e agora tinha aquela expressão rabugenta no olhar. Vinha coisa pesada aí. Muito bonita a sua história e tudo, mas você continua girando em círculos aqui.
Como assim? E seu nome é...?
Clara. Eu já lhe disse isso.
Certo, me desculpe. Não precisa se aborrecer.
A senhora ficou levemente chateada, pois fechou a expressão também. Levantou-se da mesa, deixando uma confusa Amanda assistindo à cena, e foi para perto de Vic, talvez sentindo a energia pesar no ambiente próximo à Clara.
Só estou tentando saber começou Clara, sentindo que passou do ponto , há alguns bons minutos, o que diabos estamos fazendo aqui. Por que Vic resolveu que tinha que encontrar a senhora... Como que...
Ei! Era Vic quem falava. Havia se virado de costas para o trânsito lá fora. Encostou-se no vidro e olhou de maneira firme para Clara. Não trate Silvia desta maneira. Ela está apenas lhe dizendo o que você precisa saber. O resto, como os princípios que regem os encantamentos desta casa, precisam ser descobertos por nós, os visitantes. Só assim poderemos permanecer.
Clara olhou para Vic, ainda sem entender. Vic devolveu com confiança o olhar. Amanda continuava confusa, olhando de Clara para Silvia e Vic como se acompanhasse uma partida de tênis. No entanto, Silvia abriu um sorriso enorme, e bateu palmas exaltadas na comemoração.
É isso, isso mesmo! Que bom que você pôde compreender, Yacamim.
Ora, como assim? Exclamou Clara, indignada. Eu passo um tempão gastando a minha saliva com a senhora, e ele entra e a convence em um minuto? Alguém pode me explicar o que...
Eu posso, Clara. Fique calma. Amanda se levantou da mesa e foi se sentar no sofá, ao lado de Clara, que ainda bufava agitada. Como você deve ter visto na fachada, este é o Edifício Tenente Érico. O que você tem caso forme a sigla deste nome?
A sigla...... AAAAAH!!
Clara ficou tão surpresa que escancarou a boca e não conseguiu mais fechar. Olhava de Amanda para Vic, de Vic para Silvia, em profunda surpresa.
Tudo faz sentido agora, não é querida? O supremo terreno conhecido hoje por Eté é meu marido.

***

A senhora quer dizer que ele está vivo? Pode entrar aqui a qualquer momento?
Clara se levantou sobressaltada, teria derrubado o laptop caso Amanda não o agarrasse antes. A garota ruiva percebeu o que quase fez, e agradeceu à amiga com o olhar.
Clara... é Clara, não é? Perguntou de bom humor a senhora. Estou brincando, sei o seu nome. Érico morreu há muitos anos, nos comunicamos em raríssimas ocasiões, infelizmente... mas sei que ele está servindo à Hélio-Hidra da melhor forma, e me orgulho de ser a eterna esposa de um supremo como ele. Mas você precisa se acalmar Silvia olhou para Vic, preocupada. Ela é sempre assim?

Não, não é respondeu Vic. Nem imagino porque ela está tão agitada.
Ah, você não imagina?? Victor, eu tenho a primeira chance em anos de finalmente vingar a morte da minha família, e nós estamos aqui sentados tomando chá! Isso é ridículo!
Ela tinha começado a se acalmar, mas falou isso tudo quase gritando, e muito rápido. Soltou o corpo, afundando no sofá, e cruzou os braços.
Clara, nós...
Tudo bem, Yacamim falou Silvia. Deixe que eu respondo esta.
Ela foi até o sofá e, antes que Amanda pudesse educadamente ceder o lugar, a senhora se sentou
entre as garotas. Em seguida fez um sinal para que Vic se aproximasse. Inesperadamente, tirou de um bolso da saia que havia passado despercebido pelo garoto um charuto. Acendeu. Tinha aroma de baunilha, que logo se espalhou pela sala.
Me desculpem, um velho hábito. Mas é cheiroso, não é? As garotas concordaram. Clara um tanto indiferente e desconfiada, Amanda com um sorriso feliz, como se estivesse em um dia comum conversando com a avó. Vic estava tão surpreso com este súbito hábito da senhora que não respondeu. Eté os chamou aqui para que pudessem descansar para a viagem que farão. Mas, principalmente, chamou para que vocês se protegessem.
Como assim? Perguntou Vic. Tomamos precauções, não estamos sendo seguidos.
Ora, Yacamim, use sua sabedoria... Vertigo esperou muito por este momento para deixar que você escape entre os dedos dele tão facilmente. Vocês estavam sim, sendo seguidos. Neste exato momento, toda a Companhia sabe que vocês estão aqui.
Meu Deus, Vic, nós vamos causar outra explosão... exclamou Amanda, olhando para a expressão dura de Clara, ambas lembrando do apartamento em chamas da hacker e do sacrifício de Dan para que escapassem Vamos correr daqui!
Vic concordou com a cabeça, as meninas estavam se levantando...
Acalmem-se vocês. Vamos, agora mesmo. O tom era enigmático, enfático mas sem ser grosseiro. Eles pararam na mesma posição em que estavam, congelados. Relaxem, pelos céus!
As garotas voltaram a se sentar. Vic voltou para perto do sofá, apenas para contestar.
Silvia, perdemos Dan em situação parecida, precisamos...
Eu sei, Yacamim. Mas não se preocupe. Não ouviu a história que lhe contei sobre o nosso estudo de magia? Como logo o espalhamos para todo o prédio?
A compreensão logo os atingiu.
É claro! Exclamou Clara. Ninguém pode chegar até a gente...
... Porque aqui dentro estamos protegidos pelos encantamentos de Silvia! Completou Vic. ... E pelos meus, é claro afirmou uma voz profunda e masculina.
Todos olharam em volta, até mesmo Silvia se surpreendeu. A voz vinha de Amanda.
Érico! Meu amor, que bom ouvir sua voz!
Eté.

CAPÍTULO 17


Na presença do supremo, Vic pulsava em outro ritmo. Todo o seu corpo reagia à força do Supremo, assim como nos contatos com Apoena e no Jardim dos Manacás. A força divina parecia sempre trazer à tona Vic em sua personalidade plena, no todo de seu potencial, como Yacamim.
Yacamim, como é bom vê-lo à salvo. Você não pode dar à Companhia a vantagem do ataque novamente, não tem energia ainda para atuar na defesa. Por isso os encaminhei pela energia até aqui, onde estarão protegidos.
Clara observava a cena em choque. Toda a cor de sua pele havia ido embora, ela estava branca como cera. Certamente nunca havia presenciado algo como aquilo, e não estava conseguindo absorver. Silvia, encantada por reencontrar o marido, olhava para Amanda com os olhos brilhantes e lacrimosos, mas respeitou o momento com Yacamim e se manteve em silêncio. Como distração, permaneceu olhando e ouvindo Eté, mas apoiou a cabeça de Clara em seu ombro, para confortá-la.
Eté... não podemos ficar aqui. O tempo é curto, podemos perder o rastro.
Não, Yacamim. Você precisa ficar aqui por agora. Saia apenas no cair da noite, é o melhor momento. Darei minha proteção a vocês até que se afastem o suficiente. Não deixem de se disfarçar o melhor que puderem.
Certo. Vic estava com tantos sentimentos confusos, que não conseguia se concentrar inteiramente Eu... eu não sei se estou pronto, se serei capaz...
Yacamim, nós Supremos não temos todas as respostas. Tudo pode dar certo ou errado. Mas não há tempo para a preparação que gostaríamos que você tivesse antes de se confrontar com Vertigo. A invasão platina está muito mais próxima do que pensávamos anteriormente, e a energia tem estado cada vez mais agitada. A escuridão da Companhia tem eclipsado cada dia mais nossa brilhante luz de vida. Não nos resta muito tempo.
Eu sei, mas...
Não irá lhe servir de nada as preocupações sem sentido. Você está tão pronto quanto poderia estar, e um motivo pessoal de amor e perda para lhe mover e dar incentivo.
Sim, Eté disse Yacamim. Você tem toda razão.
Estaremos acompanhando, iremos ajudar quando possível. Agora, descansem. Vocês precisarão partir quando a noite cair...
Para onde vamos, senhor? Perguntou Clara, recuperando a voz.
Ora Clara, tenho certeza de que é exatamente você quem tem a resposta. Oriente-os até o local. Os Supremos estarão com vocês.

***

Era noite. Haviam montado acampamento no fim da serra que ia em direção a Petrópolis. Foram de ônibus até ali, no último horário, usando roupas longas e toucas na cabeça emprestadas por Silvia, encobrindo boa parte dos cabelos dos três, tomando o tempo frio como aliado e dificultando em muito a identificação deles.
Clara estava no meio da barraca, logo abaixo da lamparina, separando cuidadosamente o conteúdo de sua mochila. Aparentemente, ou a garota tinha comportamento oposto quando estava fora de casa, ou a perda do lar fez com que subitamente mudasse seus hábitos. Havia compartimentos internos em cada cantinho da mochila, que se revelou incrivelmente espaçosa aos olhos de Vic e Amanda. Dela surgiram dois laptops, carregadores, cabos diversos, outro rádio modificado, uma bela quantia em dinheiro e muitas, muitas baterias.
Depois de um tempo organizando o material, ela levantou os olhos e viu os dois admirando seu trabalho.
É a minha mochila de emergência. Mantenho-a sempre pronta para imprevistos. Já fiz trabalhos perigosos se sabotagem e invasão para e contra empresas grandes, é sempre bom estar preparada para sair a qualquer momento.
Os dois assentiram. Não tinham nada além da roupa do corpo, parte dela recém-adquirida, e a sacola de Amanda, lotada de suprimentos. Vic se sentia um aspirante a herói com armadura de papelão e arma de plástico. Agora entendia o quanto a Força se desestabilizou pela perda do Banco. Estes pensamentos apenas flutuavam pela mente dele, sem que conseguisse absorver nada daquilo. Dan era o que girava em seu consciente, e cada vez que o amável rosto dele assumia o quadro mental em primeiro plano, uma dor lancinante rasgava o peito dele, acompanhada de uma enorme sensação de impotência. Seu melhor amigo morreu para salva-lo. A Companhia não iria ficar impune.
É melhor irmos deitar informou Clara Precisamos levantar acampamento bem cedo. Quanto estivermos um pouco mais próximos de Petrópolis, volto a captar as comunicações da Companhia.
Por que Petrópolis? perguntou Amanda.
Bom, para triangular a posição da comunicação e poder sintonizar na conversa, horas atrás precisei, além da frequência que Dan me deu, determinar a origem do sinal. E vinha diretamente de lá. Mais precisamente dos arredores da rodoviária.
Amanda assentiu e entrou em seu saco de dormir novo. Vic já estava há tempos no seu, de olhos fechados mas plenamente acordado, travando silenciosas batalhas internas. Clara terminou de organizar seu material, apagou a luz da barraca e se deitou. Tudo o que ouviam agora era o som da mata e de seus insetos, imunes à presença daqueles três em seus domínios. 



quinta-feira, 15 de novembro de 2012

[realidade] Mãe

Bem... prefiro escrever ficção mas de vez em quando é bom falar da realidade. E da vida como ela é. Não quero ser negativista aqui não, acho a vida linda (tenho achado isso cada vez mais nos últimos tempos), cheia de oportunidades, pessoas interessantes, lugares a conhecer, etc etc. Mas a vida começa e termina, e embora a gente saiba que isso vai acontecer a todos, é sempre um momento complicado. Tenho um caso próximo meu então vou falar com todos vocês. Eu sou o cliente no divã e vocês são meus psicólogos, ok?
Bem, acho que só quem já viveu uma situação da perda de um parente próximo sabe como é. Muda muito a sua perspectiva sobre a vida, a noção sobre o tempo que você e os outros têm... a noção de que pode ser de uma hora pra outra. De certa forma, eu aprendi tudo isso quando minha mãe morreu no ano passado, vítima de um acidente de carro. Foi traumático, sofrido e difícil. Ela estava em protocolo de morte cerebral e o processo todo levou praticamente uma semana. Dias e dias de angústia, de visitas ao hospital. Por duas vezes entrei e fiquei ao lado dela, um corpo paralisado e machucado no lugar do que era a minha mãe, maravilhosa, cheia de vida, risonha, engraçada. Pense numa pessoa que não perde uma piada, que tem a melhor risada que alguém pode ter? Alguém que acima de tudo ama você incondicionalmente. E pense em tudo isso apagado de uma hora pra outra.
Nem tudo era flores na minha relação com ela não. Nos últimos anos de vida dela nós nos desentendemos muito. Passavamos vários meses sem nos falar. No último ano e meio de vida ela desenvolveu um transtorno mental e foi dia a dia deixando de ser quem ela era. Em um dia ela era um caco. No outro, era a pessoa mais feliz e eufórica do mundo. Nenhuma das duas era minha mãe, não de verdade. Foi difícil demais acompanhar o processo, e a dor não pára por aí.
Vivenciei de forma distante a luta contra e a favor da vida, enquanto os meses iam passando e ela alternava entre tentativas de suicídio e internações sucessivas. Nem posso imaginar o quão doloroso foi acompanhar isso de perto - para colocar em contexto, ela morava em Brasília, eu no Rio -, mas sei que daqui foi duro, muito duro. Pior ainda porque eu a visitava mais ou menos de três em três meses, e em duas ocasiões quando voltei pro Rio aconteceu uma nova tentativa de suicídio. Isso começou a tirar todo o meu foco da minha vida, eu me sentia deprimido assim que acordava e a sensação me acompanhava ao longo do dia como um convidado indesejado.
Para piorar, a última vez que falei com ela não foi nada feliz. Ela estava no auge dos seus transtornos. Foi por telefone. Eu estava em Brasília, mas na casa dos meus avós maternos - ela na ocasião vivia com um cara em outro apartamento e queria que eu ficasse lá, mas não havia a menor chance de isso acontecer. Era um ambiente impróprio e que não me causava qualquer desejo de permanência. Bem, ela bateu muita boca na ligação, disse que eu estava sendo manipulado por todo mundo. Que todos estavam contra ela, que ela só estava tentando ser feliz. Bem, exigiria uma explicação muito maior para entender porque ninguém apoiava a relação dela, mas basta dizer que o cara era um grosso, que tirou toda a vaidade e liberdade dela, tirou a feminilidade, e por aí vai. Ela virou de uma mulher independente que fazia o que queria, mesmo doente, para um cachorrinho submisso, e ainda mais triste do que antes, embora se recusasse a ver isso. Resolvi eu, espertamente, falar para ela que eu iria passar os dois últimos dias da minha estadia na casa do meu pai. Pronto. Ela ficou revoltadíssima porque pro meu pai eu tinha tempo, para ela não. Fui tentando falar e ela avisando que ia desligar. No terceiro aviso. Ela desligou............. ela desligou para sempre.

Algum tempo depois ela tinha se mudado com o cara para uma cidade no meio do nada. Mas estava infeliz e resolveu bater a poeira, dar uma chance para si mesma. Resolveu voltar para Brasília e para a casa dos meus avós. Entrou no carro com todas as coisas... mas com vários problemas. Tinha tomado remédios pesados - necessários mas que a deixavam sonolenta. Os pneus do carro estavam carecas. Tinha chovido. O carro estava pesado, com muita bagagem. E para completar, ela estava sem cinto. Bom... o carro atravessou a pista depois de rodar e foi pego por um caminhão. O caminhão nada sofreu, por sinal. Já minha mãe... não está mais aqui. E eu prefiro crer que, onde quer que ela esteja, ela está melhor agora. Pelo menos é tudo que eu posso desejar. Mãe, eu não sei onde você está... mas nunca duvide que amo você demais.