sábado, 29 de dezembro de 2012

[A Revolta Selvagem] Prólogo

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Boa noite galera!

Eu hoje tive uma ótima ideia que acredito ter potencial para um pequeno livro. Não sei se vou ter tempo, empenho e estímulo para fazê-lo, então não posso garantir. Se for o caso, é bem possível que esta "proposta" de Prólogo seja editada para melhor introduzir a história. De todo modo, compartilho com vocês o que escrevi até então em uma viagem de carro.

Espero que gostem. E isto também é um até 2013. Feliz Ano Novo a todos!!


A Revolta Selvagem


Prólogo


A velha rainha tinha duas filhas gêmeas. Clea e Juliet eram ainda moças quando um embate entre Rilop, o selvagem febril, e Servus, o príncipe e futuro Rei, levou embora o jovem sucessor. Não havia provas, mas Juliet passou semanas chorando e jurando de pés juntos que Rilop usou uma pequena lanceta envenenada pelas costas do príncipe em uma das pausas cordiais da luta. Eu juro, dizia ela entre lagrimas, na pausa o infeliz espetou a lanceta dentro da maçã e a ofereceu todo amigável! Servus nem percebeu o que havia engolido, mas era claro para todo o castelo que de parte em parte do combate o príncipe ficava mais lento e vulnerável. Sua técnica, que superava a do selvagem, não o salvou quando um movimento muito mais lento abriu sua guarda. Rilop não desperdiçou, e a cabeça de Servus rolou pelo chão de mármore, um brinde rubro sendo servido em pleno ar para a família real. Os selvagens capturados foram libertados e se uniram a Rilop, que prometeu nunca mais se aproximar do Castelo Aigamar.
Dali em diante, Clea e Juliet passaram a ser educadas severa e regularmente para assumirem o papel de rainhas quando preciso, sucedendo a mãe. A rainha tinha este importante papel há décadas e o povo dizia que ela viveria para sempre, mas rainha Milena fora muito clara: a dor pela perda de Servus era grande e inesperada, mas as regras deviam ser seguidas. O trono de Aigamar precisava ter sempre um sucessor em treinamento. Aigamar tinha o importante papel de legislar sobre todas as terras da Sombra. Se caísse, a luz dominaria estes terrenos, o equilíbrio necessário seria desestabilizado e todo o planeta de Vendit colapsaria sobre si mesmo, potencialmente levando para o mesmo fim todo o sistema solar de Teuma.
Frente a isto, Aigamar tinha os melhores guerreiros de Vendit, assim como os melhores magos de sombra. O papel dos guerreiros era meramente garantir a ordem e paz entre as colônias das sombras. Já os magos eram os responsáveis pela grande tarefa. No complexo ciclo de estudos na Casa Sombria, os magos formados aprendiam as artes contra a luz. Pode parecer estranho, mas eles eram tão bons quanto se pode ser. Lutar contra a luz não os tornava maus: estes apenas faziam o que era necessário. De seus postos nas fronteiras da luz e protegidos pelo arco de Aigamar, um enorme monumento que os fincava naquela realidade e ao mesmo tempo dava energia para os feitiços, os magos se revezavam para manter a luz distante.
Clea e Juliet conheciam bem essa realidade, pois a estudavam todos os dias. O treino já durava mais de dez anos, e ambas tinham plenas condições de governar. Clea era mais rígida e determinada. Já Juliet era um tanto contida, tímida e um pouco peluda, mas tinha algo que faltava à irmã: a capacidade de analisar todos os lados de uma situação, fosse de pobres ou ricos, magos ou prisioneiros, e dar um veredicto que fosse justo, não apenas apropriado. Nem sempre as leis de Aigamar apoiavam isso, mas Juliet era assim.
Não achavam que precisariam se preocupar nunca com quem iria ocupar o cargo de rainha, a mãe tinha fôlego para governar por mais 50 anos sem qualquer duvida. Até que numa manhã, uma das criadas soltou um grito que pôde ser ouvido em todo o castelo. Clea sempre acordava cedo para praticar arremesso de facas com a mão esquerda enquanto escrevia poemas com a direita, tudo ao som de música clássica e por vezes celta. O grito também trouxe Juliet dos estábulos, o arreio do cavalo seguro na mão com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos.
- O que aconteceu, Pleuna?! - perguntou aflita.
- A... o.... Oh meu Deus, estamos perdidos... - foi tudo o que a mulher disse antes de sair correndo aos soluços. As gêmeas, que chegaram na porta do grande quarto real ao mesmo tempo, se entreolharam. A diferença entre as duas era enorme, embora em aparência fossem muito semelhantes. Clea tinha uma expressão mais decidida e Juliet mais calculista e bondosa, mas ambas possuíam os mesmos olhos azuis astutos e o cabelo loiro escuro, grandes franjas caindo sobre o olho esquerdo. Elas respiraram fundo e entraram juntas, de mãos dadas.
Nada parecia errado. A rainha estava sentada em sua poltrona predileta, de frente para a enorme janela circular que dominava o quarto. Ela estava de costas para a porta e parecia estar muito confortável. As irmãs, confiantes, chegaram perto. Quem sabe a criada gritou por ter ouvido uma grosseria. Milena nunca era grosseira com quem quer que fosse, porém detestava ser interrompida quando estava perdida em pensamentos diante de sua janela e sentada em sua poltrona. De repente uma conjuntura de fatores tinha provocado aquilo, apenas uma situação desagradável. Mas nada era tão simples...
- Clea... Ali na janela..!! - disse em um arquejo de desespero Juliet.
Clea se aproximou e observou o que a irmã apontava. Logo percebeu que havia um buraco irregular no vidro. Em seguida olhou para a mãe... e ficou branca.
A rainha Milena estava com uma expressão tranqüila e calma. Os olhos estavam sem nem mesmo piscar. Uma lágrima escorria por seu olho esquerdo, mas da cor vermelha. Ela vinha de um ferimento fatal na testa dela, do qual uma enorme mancha preta já havia se formado. O típico veneno...
- Lorde nos salve... Irmã, estudamos isso todos os dias! - disse Juliet.
Clea estava sem palavras, mas olhou firme para a irmã em pânico.
- Sim. O selvagem febril quebrou sua promessa. Ele voltou para destruir o que restou da família real.

A rainha estava morta. O momento das gêmeas havia chegado. E junto com ele, o destino de Aigamar, das terras sombrias, do equilíbrio entre luz e sombras, do planeta Vendit e talvez de todo o sistema de Teuma. A Revolta Selvagem estava começando.

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