quarta-feira, 31 de outubro de 2012

[filosofando] Reflexões ao atingir um quarto de século de idade


Rodeado das costumeiras obrigações de fim de ano de faculdade, somadas ainda ao trabalho, o tempo é curto, naturalmente. No entanto, achei importante fazer uso de um momento para escrever sobre certas coisas que circularam pela minha cabeça ontem, quando fiz 25 anos.

A primeira coisa interessante de observar é como a cabeça de uma pessoa muda. Aos 10 anos eu queria ser astronauta e a vida era recheada de cartinhas e problemas amorosos "complexos" que os adultos, achava eu, não compreendiam. Aos 15 eu queria ser tenista da ATP e "astro" do rock - os problemas amorosos continuaram lá. Aos 20 eu estava em crise, trocando de faculdade pela terceira vez e totalmente incerto sobre o meu futuro, mas muito já tinha mudado: eu já sabia que não seria nem astronauta, nem astro do rock, nem tenista profissional. Minha grande meta era muito mais mundana: encontrar uma profissão que fosse a certa para mim. Meu sonho era poder entrar em uma sala que tivesse uma máquina mágica, na qual eu inseriria meu nome e nascimento e ela me daria um top 5 de profissões em que eu seria melhor. Não como essas avaliações de internet ou os testes de aptidão, que são subjetivos (palavra de quem fez)... mas sim uma resposta definitiva, como se eu estivesse encontrado o meu número 42.

Bem. 25 anos. Um quarto de século. O que mudou? Rapaz, muita coisa. O que antes era um completo mistério hoje está muito mais claro. Sei que meus talentos se baseam todos na minha criatividade, em especial os ligados a expressão de ideias por escrito: textos, concepções de projetos diversos, músicas, poemas, roteiros, livros. Sei que algumas categorias soam repetidas aqui mas falando assim eu até acho que sou giga habilidoso. Mas o fato é que eu me contento com as minhas aptidões e me sinto grato por elas, ao mesmo tempo em que busco melhorar no que sei que tenho potencial - e me esforço no que é necessário e não tenho qualquer talento.

A segunda coisa interessante que mudou é bastante assustadora. Quando eu tinha 15 anos (ou mesmo 20), aquela famosa conversa dos adultos era um blá blá blá wiskas sachê blá blá blá sem fim. A maior parte, se não a quase totalidade, simplesmente era esquecida cinco minutos depois (geralmente na fase seguinte do jogo da ocasião). As coisas começaram a mudar na casa dos 20, mas só tomaram corpo mesmo de uns anos para cá. Tenho dois irmãos menores e faz pouco tempo que eu percebi que estava dando conselhos, dicas e visões bizarramente parecidas com as que eu ouvia. Especialmente as opiniões do meu pai, mais próximo de mim em termos de idade, e que felizmente de uns anos para cá vem tendo um diálogo muito mais aberto e de troca comigo do que o famoso papo reto eu falo - você escuta. Eu não sei expressar o quão pasmo eu fiquei na primeira vez em que eu me peguei falando coisas que eu tinha ouvido um mês ou um ano antes. Mais ainda, a minha surpresa em constatar que não era nem da boca pra fora nem reprodução moralista: eu realmente acreditava no que eu estava dizendo, tinha mudado com a maturidade para incluir aqueles valores na minha vida e os tinha agora como tão preciosos que queria passar para os que amo.

Em outras palavras... o que percebo ao chegar aos 25 é o quanto eu evoluí como pessoa. Poderia falar de muito mais, dos meus progressos profissionais, comunicativos (sempre foi uma enorme dificuldade quando a questão é fora da tela ou do papel) e afins, mas eu queria aqui falar é do quão legal foi perceber que, em grande parte, nós crescemos e absorvemos valores que nos são passados e passam a fazer parte de nós sem que nem percebamos. Enquanto vamos envelhecendo, as prioridades mudam, os focos mudam, as responsabilidades aumentam, e com elas a mentalidade, os desejos, a visão de mundo e os valores se expandem, para abrigar um universo que antes era simples, preto no branco. O mundo real é complexo, uma escala completa de 256 cores em todos os seus tons possíveis, e frequentemente as coisas parecem ser o que não são e não são o que parecem ser. Esse é o mundo que vivemos - mesmo que tudo isto seja um grande Matrix - aprendemos e evoluímos. Se tanto mudou especialmente na transição dos 20 aos 25, imagine o salto que será de um quarto à metade de século de idade... apertem seus cintos!

sábado, 20 de outubro de 2012

[Yacamim Livro 1] Capítulos 12 e 13

Uau. quase 1 mês que não posto nada do livro... bem, aí vão novos capítulos. Divirtam-se!


CAPÍTULO 12

Mal o sol tocava o horizonte, e o conversível estava novamente no asfalto. Felizmente, as perfurações de bala na lataria não foram tantas quanto imaginaram no dia anterior. O choque com os disparos provavelmente multiplicou o dano na imaginação deles, pois havia apenas dois furos discretos, na lateral, que puderam ser disfarçados com um adesivo da Apple que compraram de um ca- melô.
Enquanto Dan e Amanda iam concentrados nos bancos da frente, ela guiando e ele com um mapa nas mãos dando instruções, Vic tentava ativar sua suposta "nova parte". Pegara uma pedra no acostamento, logo antes de deixarem a pensão, e agora tentava fazer qualquer coisa de útil com ela. Mo- ver, expandir, derreter, magnetizar... mas não estava dando resultado. Imaginava que pensar o que queria com grande obstinação fosse o suficiente, mas o máximo que conseguiu foi mal-humor e uma bela dor de cabeça.
Preferiram um caminho longo mas sem grandes riscos. Passaram em frente à Cidade Universitária, Estácio, Cosme Velho, até chegar na Lagoa Rodrigo de Freitas. Dali tomaram o Jardim Botânico e seguiram até o Parque Nacional da Tijuca.
Porque viemos para um Parque? perguntou Vic Pensei que tivéssemos lugares importantes para ver, ou algo assim...
Nunca subestime a natureza, Victor. repreendeu Dan em tom paternal Passei anos a fio refletindo, orando e pesquisando locais importantes para o seu treinamento. Portanto, eu o convido a acreditar no meu julgamento.
Dan não foi duro com estas palavras, mas o tom foi irredutível.
Desculpe, eu não quis questionar suas escolhas...
Tudo bem, Vic. Eu entendo sua tendência a questionar tudo. Crescemos juntos, certo? O sorriso de cumplicidade que Dan abriu terminou com qualquer clima de animosidade que a ligeira discussão tenha gerado entre os dois. Eu explico enquanto caminhamos, sim?
Deixaram o carro no estacionamento vazio e foram os primeiros a entrar no parque, pois os portões haviam acabado de ser abertos. Percorreram certa parte do trajeto em silêncio, até que Dan retomasse a palavra.
Acredito que o primeiro lugar que Yacamim deva visitar, uma vez que esteja em contato com a energia e os Supremos, seja um que esteja ligado simultaneamente às três bases do tripé da Hélio- Hidra.
E essas seriam...? perguntou Vic, sem nenhuma pista.
O sol, a água e o contato com a natureza. completou Amanda Como você pôde notar anteontem, nossa morada é cercada de verde, não apenas aquela como qualquer outra em que você entrar. A distância relativa dos centros urbanos anuvia a influência humana no meio e nos aproxima do divino.
Como elemento adicional continuou Dan ―, o local para o qual vamos foi nomeado com o Tupi, língua diretamente ligada aos Supremos e a você, Yacamim. Estamos indo para o Jardim dos Manacás.
Amanda parou de andar, dando um grito de alegria sucedido por dezenas de bater de asas de aves assustadas com o súbito barulho.
Dan, isso é genial! Não há lugar melhor para juntar Yacamim e os Supremos!
Obrigado, Amanda. O rapaz sorriu orgulhoso Acho que é ideal.
É... com licença? Vic olhava de um para outro, a boca ligeiramente aberta Será que vocês
podem me explicar o que está acontecendo? Assim, quem sabe, eu possa elogiar a brilhante idéia também...
Dan e Amanda riram, mas Victor estava começando a ficar irritado de ser levado na brincadeira o tempo todo, quando de fato se sentia excluído de uma festa na qual era o convidado principal.
Vic, Manacá em tupi-guarani significa flor em cores branco e azul. Entende?
Hm... Não, não entendo Dan. Estamos cercado de mata, esse é um elemento do tripé. O azul certamente remete à água, mas o branco...
Remete ao sol, Vic Amanda interpelou Embora o amarelo seja a cor que imediatamente ligamos com o astro rei, a luz que ele nos dá é a que garante vida. Também é a mais forte que conhecemos. A luz do sol, Vic, é branca, pois é o ácumulo de todas as cores. É por isso que somos capazes, por exemplo, de ver o arco-íris. Nada mais é que a decomposição da luz branca.
Vic parou por um momento, chateado consigo mesmo por não ter feito a ligação de imediato. Bom... começou ele genial, Dan.


***

Alguns minutos depois, os três chegaram ao Jardim dos Macanás. Região agradável do parque, se destacava das demais em seus tons. Pétalas pelo chão e nas árvores indo do branco ao lilás não deixavam dúvidas de que estavam no lugar certo. O azul e o branco eram facilmente notáveis em meio ao turbilhão de flores. No centro do Jardim, uma bela fonte reinava. Toda em ferro fundido, quatro figuras femininas, sob um pedestal, sustentavam uma cúpula.
Dan, já li sobre essa fonte! A voz da garota estava mais uma vez em tom eufórico Estas são quatro cariátides, e representam virtudes eternas! A bondade, a caridade, a sobriedade e a simplicidade! São as quatro...
Virtudes dos Supremos Terrenos. concluiu Dan É, Victor, parece que o divino está decidi- damente fluindo aqui... Vic?
Victor estava agachado, apoiado no chão com os olhos fechados. Conseguiu captar tudo que os dois disseram, mas saberia que era o lugar certo para estar mesmo sem ter ouvido uma palavra. A energia que fluia dali era tão gritante que estava surpreso que ninguém pudesse senti-la.
Eu estou bem. Energia... muito forte. foi tudo que conseguiu pronunciar.
Venha, vamos por ali... começou Dan.
Não. A fonte... é do lado dela que devo ficar.
Com isso, Vic se levantou com alguma dificuldade e caminhou lentamente em direção às cariáti
des. Não sentia dor ou medo, mas assimilava com calma toda aquela força. Em parte porque temia explodir caso se mexesse mais rápido. Porém, o real motivo era que estava apreciando, quase que degustando o ambiente. Era uma experiência, e ele estava começando a gostar e se sentir parte da- quilo. Seu lado recentemente acordado, formigando como na reunião da Hélio-Hidra, estava dando sinais de vida e Vic já sentia que era tudo que ele sempre precisou ser. Nasceu para aquilo.
Se agachou ao lado do pedestal. Ele não precisava fazer gestos da Hélio-Hidra ou nada parecido. Não sabia como, mas estava deixando a energia o conduzir e agia por instinto. Tocou a testa levemente com a mão direita e, em seguida, encostou a palma inteiramente no frio ferro da fonte.
Perante vós, cala-se o mais Supremo dos Supremos. Yacamim está aqui e quer falar-lhes. Mostrem-se, norteiem meu caminho rumo ao reequilíbrio da energia.
A voz de Vic saiu alta, clara e cristalina. Era a voz dele, mas ao mesmo tempo não era. Uma combinação, algo novo que desabrochava como as flores azuis e brancas ao redor dele. Amanda e Dan estavam paralisados, em pé na mesma posição desde que Victor se pronunciou pela primeira vez no Jardim. Não fosse a blusa azul marinho de Dan, a amarela de Amanda e as calças jeans de ambos, poderiam se passar por estátuas do Parque sem qualquer dificuldade.
Por um momento, nada aconteceu. Então, quando Vic achava que tinha se enganado, uma voz lhe falou, vinda da cariátide da simplicidade.
Olá, Yacamim. Bem-vindo à sua missão. Fico feliz em ver que sua energia vital acorda e se manifesta, assim como seu claro desejo de assumir sua identidade e sua tarefa. Como lhe falei na primeira vez em que o vi, há alguém que deseja vê-lo... A estátua da simplicidade se calou, e a da caridade mexeu seus lábios de ferro.
Yacamim. Como é bom vê-lo A voz era de tom masculino e vibrante. Era bastante estranho ver uma meiga feição feminina falando com uma voz grave e forte, em completa oposição às suaves formas da escultura A última vez que o vi, era apenas uma criança de quatro anos, brincando no jardim, tentando subir na jabuticabeira. Ali você desconhecia sua força e sua identidade, seu real nome e sua difícil missão, e fico contente que tenha sido assim. Teve a oportunidade de ter uma infância, crescer de forma anônima e tranquila, por mais que sacrifícios tivessem que ser feitos para tal. Era o mínimo que a Hélio-Hidra podia fazer por seu salvador A estátua esboçou uma espécie de sorriso, que completou a estranha cena com louvor Apoena não me apresentou. Sou Turuna, siginfica forte, corajoso, em tupi. Também sou associado à caridade. Juntamente com Cauê e Eté, somos os Supremos Terrenos, mais próximos da existência corpórea e ligação entre os que vivem na carne e os Supremos Superiores.
Yacamim Saudaram em conjunto as estátuas da bondade e da sobriedade.
Supremos Terrenos, preciso dominar melhor minha energia vital para cumprir meu objetivo. Sem isso, não há meio de contornar o imenso desequilíbrio entre luz e trevas.
É verdade, Yacamim Era a voz masculina de Cauê, vinda da estátua da bondade, que lhe falava Você precisará, no entanto, descobrir o caminho por si mesmo, como tenho certeza de que sabe. Apenas podemos lhe dizer que permaneça sempre próximo aos elementos da base da Hélio- Hidra. Assim, estará próximo de nós e o mais escudado possível das trevas até que esteja pronto para enfrentá-las.
Tenha cuidado era Apoena que ressurgia de sua estátua ―, pela saudação que vocês receberam na viagem até aqui, é seguro assumir que a Companhia deixou de lado a gentileza. Evitem seus domínios a todo custo.
Vá em paz, Yacamim. falaram em conjunto as quatro cariátides, suas vozes se juntando em uma benção protetora, tomando corpo em uma lufada de vento que fez girar no solo as pétalas azuis e brancas.
As estátuas mais uma vez estavam imóveis, o local parecia um parque comum novamente, embora a energia seguisse vibrante e evidente. Ao menos para o jovem que agora se levantava, retirando a mão do pedestal e olhando com admiração para as figuras femininas. Olhou para os seus acompanhantes. Amanda estava com expressão mista de admiração e surpresa. Passava inúmeras vezes
as mãos nos cabelos e o gesto com os braços da Hélio-Hidra. Dan estava chorando copiosamente, olhando para uma das cariátides sem sequer piscar.
Yacamim pegou uma flor branca e uma azul do chão, juntou as duas em um arranjo improvisado e as colocou nos cabelos de Amanda, que agradeceu com o olhar. Depois alisou o ombro de Dan, encorajando-o. Ajeitou a barra de seu próprio jeans, olhou uma vez mais para a fonte e se virou em di- reção a entrada do Parque.
Vamos.


CAPÍTULO 13

Voltaram a entrar no conversível e saíram do Parque. Vic descobriu, desapontado, o quão longe ainda estava de poder verdadeiramente servir aos Supremos. À medida que iam se distanciando do Jardim dos Manacás, aquela avassaladora energia que guiava seus instintos e o modificava por inteiro foi se esvaindo. Yacamim ainda parecia longe de seu auge, e certamente o treinamento se fazia necessário com urgência. Como já havia ficado claro há tempos, ele precisaria trilhar o caminho sem grandes auxílios, o que significava que este aprimoramento era uma espécie de treinamento interno, um auto-conhecimento para fazer aflorar Yacamim em sua plenitude.
Vic comentou da mudança de estado com os amigos. Não que fosse necessário, a diferença de comportamento entre Victor e Yacamim presenças bastante distintas em uma mesma pessoa eram claras e cristalinas, como o garoto em preparação e o adulto austero.
Acho melhor nos resguardarmos por enquanto. constatou Dan Já trilhamos um longo caminho hoje, não sabemos quantos passos estamos à frente da Companhia. Há companheiros por aqui. Amanda, siga para Santa Teresa. Sei de um ótimo lugar para descansarmos até amanhã.
Minutos depois, encostavam o conversível azul metálico na porta de uma modesta casa em uma das muitas ruas inclinadas de paralelepípedos de Santa Teresa. À porta, um tapete de "Bem-vindo!" e o já conhecido brasão da Hélio-Hidra, discretamente talhado na madeira. Amanda tomou à frente e, encoberta pelo corpo dos dois rapazes, fez o gesto da HH. Dan tocou a campainha logo em seguida.
Uma bondosa senhora entreabriu a porta segundos depois. Muito rapidamente, assimilou a marca na porta brilhando intensamente e as três pessoas paradas diante dela.
Benditos sejam os Supremos! Entrem, entrem! disse ela rapidamente, abrindo caminho para os recém-chegados e fechando rapidamente a porta em seguida.
Uma salinha agradável os recebeu. O clima era aconchegante, um ventilador de teto trabalhando em velocidade, poltronas estampadas em padrões monocromáticos e quadros de paisagens naturais nas paredes. A senhora veio ao encontro deles, e se curvou em respeitosa reverência.
Yacamim ela saudou Sou Polônia, hélio-hidrana e maravilhada em recebê-lo em minha modesta casa.
Agradeço a generosidade, dona Polônia. Lembro-me da senhora na reunião, dias atrás. Fico feliz que tenha retornado bem e em segurança. Sua filha está bem?
Sim, sim, ela está nos fundos preparando o almoço. Então se virou para Amanda e Dan Fico muito feliz em ver vocês também.
Obrigada, Polônia. Eu irei até a cozinha ajudar a Tiffany, sim?
Claro, minha querida. Basta seguir em frente e virar à direita A bondosa anfitriã olhou para os dois rapazes Por favor, se acomodem. A casa é de vocês.
Eles se sentaram lado a lado em duas poltronas abaixo de um majestoso quadro do mar em ressaca. A mulher sentou-se no assento vazio, no outro canto da salinha.
Como têm passado? Imagino que já estejam seguindo os passos do manuscrito, estando tão longe de casa...
De fato, estamos respondeu Dan, cauteloso Receio que não possa dizer muito mais do que isso, tenho certeza de que compreende...
Claro, claro.
É mais para a sua segurança e a de Tiffany do que a nossa própria. Quanto menos detalhes souberem, menor o risco que vocês correm.
A senhora olhou para o quadro do mar por um tempo, pensativa.
Eu pintei este quadro anos atrás, pouco depois de me tornar hélio-hidrana. Nas religiões tradicionais, mães, tias e avós carregam as crianças para a religião, passando o aprendizado e a fé que têm. Curioso que tenha sido Tiffany a receber o sinal primeiro. De fato, ela é hélio-hidrana desde pequena, embora eu só tenha descoberto quando fui também chamada, tempos depois.
Ainda perdida em pensamentos, a idosa mulher continuou a admirar seu trabalho na parede, e os rapazes acharam melhor não perturba-la. Pouco depois, Amanda veio da cozinha chamando-os para o almoço.
Quando chegaram no aposento, Tiffany estava dispondo os talheres na mesa. Devia ter por volta de vinte e cinco anos, cabelos pretos e lisos presos em um coque. Era alta e magra, já tendo certamente passado há muito tempo em altura a mãe.
Yacamim saudou ela Bem-vindo. Espero que aprecie a refeição.
Olá Tiffany, obrigado. Tenho certeza de que será o caso.
Foi um almoço muito agradável. O ambiente se encheu com as vozes e risadas. Para Vic, era um

prazer incalculável desfrutar de um almoço caseiro e conversar banalidades como se não houvesse uma batalha para ser vencida lá fora. Peixe saboroso com molho de alcaparras, batatas e refresco de laranja formavam o cardápio, e tudo estava delicioso.
Mais tarde, além de lhes mostrar o banheiro e ceder toalhas para que tomassem banho, a filha de Polônia indicou para os rapazes o quarto de hóspedes ao lado da escada. Amanda ficaria no segundo andar, no mesmo quarto de Tiffany.
Victor se sentou na cama e abraçou os joelhos, assim que Dan fechou a porta do aposento.
E então... perguntou o jovem de olhos verdes como se sente, Vic?
Fraco falou com sinceridade. Fica uma sensação de impotência sentir todo o corpo vibrar
com a energia avassaladora de hoje mais cedo e perdê-la com a mesma velocidade que veio. Eu preciso aprender a encontra-la dentro de mim, Dan. Aprender a fazê-la aflorar na hora certa e só a guardar quando necessário. Talvez jamais prendê-la novamente.
Isso seria impossível, Victor. Embora sua energia seja formidável, ela não é infinita. É preciso descansar, assim como resguarda-la para quando for necessária. Por outro lado, você certamente irá crescer em poder mais e mais, até o ponto em que sua energia será virtualmente inesgotável. Mas isso levará tempo, e irá requerer um treinamento adequado. Os Supremos jamais nos falaram dos limites de Yacamim, se é que eles existem. Como sempre...
Eu sei, terei que descobrir sozinho. foi uma resposta automática, porque esta era a realidade e já estava se acostumando com ela.
O dia seguinte amanheceu chuvoso. Não tinham um planejamento definido, por isso passaram o início da manhã conversando no quarto de hóspedes com Amanda. O assunto era a Hélio-Hidra.
Sei que Apoena é aquela que enxerga longe, e que ela tem como virtude a simplicidade, a julgar pela estátua que incorporou relembrou Vic Turuna me contou que é sinônimo de força e coragem, além de ser extremamente caridoso. E os outros dois?
Cauê, significa homem bondoso que age com inteligência. É um Supremo extremamente perspicaz e doce como mel. informou Amanda, prontamente.
E Eté, honrado, verdadeiro e genuíno. É também o Supremo da sobriedade. Ele é muito prudente e cristalino, informa sempre a verdade e é senhor dos alertas. Também é o Supremo Terreno mais próximo dos Superiores. disse Dan Os quatro juntos são o contato divino mais próximo que temos, os que mais atuam na vida carnal. Quando temos um Superior nas reuniões, pode contar que seja um Terreno. De fato, somente os quatro entraram em contato com os Supremos Superiores, o que os fez sem dúvida especiais a ponto de se tornarem os Supremos Terrenos.
Mas então... quem os apoiava antes deles se tornarem Supremos Terrenos? perguntou Vic Pelo que captei, todos estes estavam vivos em carne quando eu nasci. E quem eles eram em vida, afinal?
Como sempre, não podemos lhe responder isso. Mas antes deles, haviam outros quatro. É o ciclo terreno que se segue. Quando chega a hora, quatro hélio-hidranos recebem os quatro Supremos Superiores. Os Terrenos seguem então adiante, se tornam espíritos de Luz, que apóiam o trabalho dos próximos Terrenos que assumirem, juntamente com os que já o fazem. explicou Amanda Mas não pense que são muitos... somente almas realmente boas e preparadas se tornam Terrenos. Pode levar décadas ou até centenas de anos para acontecer.
Algum tempo depois, os visitantes se preparavam para sair. Estavam levando alguns pães, biscoitos e garrafas de água, por insistência de Polônia, embora os três assegurassem que poderiam comprar os suprimentos necessários no caminho. Optaram também por deixar o conversível estacionado ali, pois o carro já era conhecido da Companhia e seria um facilitador para que fossem encontrados.
Para onde vamos agora, Dan? Você é o guia, afinal.
Os rapazes trocaram sorrisos, brincando com o que havia sido uma discussão anteriormente 
Melhor pegarmos um táxi. Tem uma pessoa que você precisa conhecer. 

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

[filosofando] Somos uma simulação


Vocês devem conhecer a teoria de que existe uma possibilidade de esta vida que nós conhecemos ser apenas uma simulação rodando em uma rede de computadores ou videogames no futuro. Vamos dar uma viajada nesta teoria? Aqui segue um diálogo de um indivíduo questionando um conhecedor desta suposta realidade...


- Me explica isso direito. Se é um jogo com várias pessoas conectadas nele, devia ser cheio de gente morrendo por aí, simplesmente tombando na rua, do nada, toda vez que um jogador do futuro abandona um de nós, desinstala o jogo ou algo do tipo. Como é que isso não acontece?

Há um sistema inteligente de intercâmbio e sugestão de novos ´personagens´ para os jogadores. Enquanto um jogador não toma controle daquele personagem, ele ou segue ações sugeridas pela comunidade para personagens livres, tem laptops de ócio criativo (mais sobre isso abaixo) ou é controlado brevemente pela inteligência artificial. Estes momentos depois serão vistos como ´uma época em que desperdicei muito tempo da minha vida´.

- Como explicar as épocas da vida, quando viramos rebeldes, radicais, certinhos, metaleiros, esportistas...?

Diferentes jogadores tem diferentes estilos e desejos para seus personagens. Portanto, uma troca de personagem para outro jogador resulta em geral em uma alteração radical de estilo. Outras alterações podem vir por mudanças repentinas de opção de um jogador que já controlava o personagem antes. Surtando um pouco, esta súbita alteração de comportamento do jogador pode ser resultado de uma mudança de controle dele por parte de um player superior - ou seja, o futuro que nos controla é controlado por um futuro mais distante.

- E as guerras?

Ora, meu amigo, todos sabemos que os seres humanos adoram guerrear em jogos! Vejam o sucesso que jogos de matança fazem. Isso ajuda a explicar, embora não seja a única explicação plausível de modo algum, o fato de as guerras nunca, nunca acabarem, não importa o que iluministas, modernistas ou pós-modernistas digam, teorizem, planejem ou o raio que o parta. Tirar a matança? Nem mesmo com DLC. Isso significaria a perda de pelo menos metade dos jogadores e até a eventual falência da empresa gerenciadora do jogo em questão.

- Mas e as nossas ações, conquistas, vitórias de vida...? E os fracassos, mortes..?

Tudo vem do desejo dos jogadores e da relação que estes provocam dos personagens uns com os outros - seus ou de outros jogadores. Esqueça a linda teoria de que você tem o controle da sua vida. Nah. Suas conquistas e seus fracassos são resultado da ação de quem está acima de você. És apenas uma marionete, meu caro amigo.

- Mesmo os vícios?

Bem, aí depende. Todo personagem já é pré-programado para ter algum comportamento específico, baseado na personalidade escolhida pelo jogador. Portanto, alguns hábitos do personagem podem ser fruto desta programação prévia e não da ação direta do jogador. Se você tem uma ação que desempenha com frequência e pelo menos em metade das vezes interrompe esta ação no meio - escrever uma música, ver um programa de TV, o que seja - saiba: é uma ação programada sua que foi interrompida pelo seu jogador. Sorria para a câmera, você está sendo controlado!

- Uff... mas se é assim... e o ócio?

Boa pergunta. O momento em que você está olhando para cima, de pernas pro ar, sem nada pra fazer, aquela hora em que nada, nem mesmo seu hábito corriqueiro, te apetece, saiba: seu jogador está AFTK. Fora do teclado. Esqueceu o jogo ligado com você na tela em um modo que inabilita ações próprias. E aí amigo, este ócio vai continuar até que o jogador retorne ou seja quicado do servidor (sim, isso ainda acontece). Este período de limbo dentro do jogo é o único que se trata de uma certa zona... cinzenta, onde coisas estranhas acontecem. Personagens já tomaram consciência de sua real existência nestes estágios e fizeram das coisas mais loucas, de rir como loucos para toda a eternidade (bug fatal), desistir de ´viver´ ou até mesmo virar fã de pagode, funk e Justin Bieber, tudo ao mesmo tempo.

- E aí... comofaz?

Agora que você sabe desta cruel possibilidade... você pode só virar pro canto e ir dormir, ou ver Avenida Brasil (não se engane, é só o seu jogador que se conectou no jogo). Ou então pode resistir. Passar a mensagem adiante. Informar amigos e inimigos da realidade da forma mais convincente possível. Sim, é bem verdade que se nos rebelarmos, isto pode significar o fim deste planeta como o conhecemos, e da nossa vida como um todo - a máquina desliga, a gente morre. Mas acaba o teatro. Estamos evitando que outros tantos como nós, que são inseridos no jogo a cada segundo, venham a sofrer o mesmo processo de enganação, levados a crer que tem um coração que pulsa e escolhas pela frente quando não passam de bytes em um servidor, prontos para serem controlados ao bel prazer de um desconhecido futuróide. Lutar para apagar as luzes... ou viver feliz na ilusão? Sua escolha.

- Uma última pergunta... você é daqui? É um dos do futuro? É um dos que acordou durante o ócio? Como está vivo, não te perseguem?

Estas respostas vão ter que ficar para uma outra oportunidade... junte seus amigos e teorize. Vocês podem ter epifanias tão inacreditáveis que vão ter vislumbres de uma outra vida até então desconhecida por vocês...

terça-feira, 9 de outubro de 2012

[filosofando] Vida...

...uma palavra de quatro letras. Não pode ser muito complicada de entender, certo? No entanto, mesmo professores de graduação, quando explicam em suas primeiras aulas conceitos como ´biologia´, dizem: significa estudo da vida, mas até hoje não sabemos definir com precisão o que é esta vida que estudamos há tanto tempo.
O que possivelmente torna tudo mais complicado é sermos dotados de livre-arbítrio. Afinal, os animais seguem sua vida cotidiana baseados em seus instintos. Assim sendo, seguem um curso semelhante a um rio: podem tomar curvas inesperadas, mas não mudanças radicais, que mudam suas vidas de tal modo que parecem ser outros seres. Pelo contrário, se uma mudança destas acontecer, o ser em questão está morrendo/morto, o rio secou e só retornará, fraco e sem a vida que antes o habitava, quando a água voltar a cair dos céus.

O livre-arbítrio permite que nós façamos tudo. TUDO. Ou simplesmente nada. Torna viável que realizemos os feitos mais incríveis, que a gente se reinvente a cada nova manhã... ou que simplesmente tenhamos medo do que há diante do nosso nariz e, assim, tomemos a escolha de nos enroscar com força debaixo dos lençóis e não querer sair nunca mais dali.
Lógico que todos nós temos os dois momentos. Ninguém é criativo ou maluco a ponto de correr riscos novos a cada manhã (bem, alguns são). Mas estou em um momento de mudanças radicais na minha vida, e isso é muito libertador. Tão libertador que me faz questionar porque tantos - o grupo em que eu estava incluso até então - se contentam em viver apenas a vida que lhes foi oferecida, apenas com o que tem, mesmo que aquele tanto não seja de modo algum satisfatório. Ao longo dos anos eu dei as mais variadas desculpas para os outros - e para mim mesmo - para adotar esta postura. No fim das contas, a verdade nua e crua era que eu tinha medo de quase tudo. Medo do desconhecido, medo dos outros, medo de arriscar. Medo de ficar sozinho. Medo de não ter apoio. Medo de ter medo. Assim, o terreno conhecido podia ser insatisfatório para uma pessoa como eu, que frequentemente se questiona e se reavalia... mas era um cantinho seguro que ninguém, achava eu, podia tirar de mim.

Bem, era mentira, claro. Eu mesmo me tirei desse lugar várias vezes, porque chega uma hora que bate o desconforto pelo comodismo em excesso, por sentir que congelei no tempo e no progresso como pessoa, e isso sempre me inquietou. Eu quero crescer sempre. Mesmo que eu não aprenda muita coisa em um dia, eu tenho que termina-lo sendo uma pessoa um grão de areia que seja melhor do que era no dia anterior. Ter uma piada nova para contar, uma experiência nova para lembrar, um momento, um relance, um aprendizado. Algo. Um dia passado em branco é um dia perdido - veja bem, não é ócio, pois este pode ser muito produtivo. Um mês passado em letargia indica que algo está muito errado. E quando chegava neste ponto, eu lutava. E saía do estado em questão até que viver na insegurança e no medo do mundo novo me dominava e eu voltava ao ´cantinho seguro´.

Recentemente minha vida - essa palavra indefinida - mudou radicalmente. Não quero fazer comparações de grau aqui. Apenas apontar que sinto o movimento acontecendo. A mudança joga vento no meu rosto, e isso significa que estou ganhando velocidade rumo a algum lugar. Isso é muito recompensador. O esforço de mudança às vezes parece que vai arrancar um pedaço de você. E se não arranca, o período em que você precisa se habituar a viver em uma condição diferente - especialmente se a mudança afeta meia década ou mais de vida, como foi meu caso - certamente parece que vai arrancar. Mas é preciso acreditar que você pode sobreviver a isso. Quando você menos espera, o pior passou e você se vê em outra condição, aberto a viver novas e encantadoras experiências. Você pode até achar que tudo está acontecendo sozinho, sem sua atuação, mas na verdade é fruto do seu esforço... um esforço de expansão e mudança. Um esforço pelo novo.

No fim das contas, somos todos pássaros. Podemos conduzir nossa vida para qualquer lugar. Claro, nossas ações nem sempre geram as consequências que esperamos, mas é exatamente isto que torna viver tão especial. Cada gesto pode resultar em um resultado diferente, num lugar diferente, numa pessoa diferente. Podemos fazer de tudo um pouco. Ou só muito de uma única coisa. Ou tudo isso junto misturado. Depende de nossas escolhas. Depende de se aventurar sem medo. Depende de abrirmos as asas. Depois de sentir o vento no rosto e aprender a bater as asas, voando cada vez mais alto, acima das nuvens, vendo todo o deslumbrante cenário abaixo... você nunca mais vai querer pousar.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Embate dos Guardiões!


Olá. Nossa, faz um tempo que não apareço por aqui, ein? Pretendo mudar esta postura. Para marcar isto, vou colocar algo bastante diferente aqui. Neste semestre da PUC estou fazendo uma matéria chamada Design de Jogos, onde criamos desde jogos gestuais e de cartas até jogos eletrônicos, passando pelos eternos jogos de tabuleiro.

Pois bem! Decidi compartlhar por aqui as regras e procedimentos de um jogo que criei com colegas da disciplina chamado Embate dos Guardiões! Trata-se de um jogo de cartas que pode ser jogado apenas com o naipe de espadas, ou seja, qualquer um pode jogar com o baralho que já tem em casa. Se gostarem do que vão ler aqui, testem e depois comentem se foi divertido, okay?


Duração: 2 a 5 minutos

Número de Participantes: 2


Objetivo: Dominar os dois guardiões do adversário

Preparação: De posse das 13 cartas do naipe de espadas (considerando que o valor das cartas de dois a dez é a dos números destas, enquanto Valete tem o valor de 11, Dama de 12, Rei de 13 e Ás de 14), um dos jogadores as embaralha e coloca-as, viradas para baixo em uma superfície plana, estando todas separadas e acessíveis. Em seguida, os jogadores disputam um par ou ímpar, que irá determinar o primeiro com direito a escolher suas cartas. O vencedor do par ou ímpar escolhe uma das treze, o perdedor escolhe em seguida, até que cada um tenha cinco cartas na mão. Restarão, assim, três cartas na mesa. O jogador que venceu o par ou ímpar então escolhe qual das três cartas será seu primeiro guardião. A escolha é aleatória, visto que ele não pode olhar o valor da carta. O outro jogador faz o mesmo. A carta restante ficará no centro da batalha, entre os dois guardiões.

Como se joga: A partida é dividida em cinco fases de jogo: a negociação de cartas, a escolha do segundo guardião, o embate com a carta central, o duelo por ordens de ação no centro e o embate com os guardiões. A negociação de cartas acontece logo no início do jogo. Ao estar na posse de suas cinco cartas, cada um dos jogadores escolhe uma carta do oponente (sem conhecer seus valores) e coloca em sua mão. Cada jogador, portanto, segue tendo cinco cartas, mas uma destas foi obtida da mão do adversário.


A escolha do segundo guardião vem a seguir. Cada jogador olha de modo secreto o valor de seu primeiro guardião, e deve em seguida escolher uma carta de sua mão para se tornar o segundo guardião. Esta carta necessariamente é mais baixa do que a do primeiro guardião. Caso o jogador não possua uma carta mais baixa, ele deve optar pela carta mais baixa que possuir em sua mão. O segundo guardião também é colocado virado para baixo. (Observação: caso um dos jogadores descubra que o outro blefou na escolha do guardião, escolhendo uma carta imprópria, o jogador culpado perde a partida).

Logo na sequência, a carta central é revelada. Uma vez que esta carta é conhecida, cada jogador deve escolher de sua mão uma carta mais alta do que a central e colocá-la virada para baixo na mesa. Caso não tenha uma carta mais alta, o jogador necessariamente deve colocar a carta mais alta que possuir. Na sequência, as cartas são viradas para cima ao mesmo tempo. O jogador que possuir a carta mais alta domina a carta central e a coloca próxima a seus dois guardiões, mantendo-a aberta. As duas cartas do embate central são retiradas do jogo. (Observação: caso um dos jogadores descubra que o outro blefou na escolha da carta de embate, escolhendo uma carta imprópria, o jogador culpado perde a partida).

A fase seguinte é a do duelo por ordens de ação. Com as quatro cartas que restaram, cada jogador escolhe uma ordem de ataque e as coloca viradas para baixo em um monte na mesa. Na sequência, as cartas são abertas duas a duas, sendo cada dupla um duelo como o anterior - a maior carta vence. Porém, ao invés de retiradas da mesa, o jogador que vence aquele embate coloca o par de cartas próximo a seus guardiões e as mantêm abertas.

Neste momento, conta-se os valores das cartas abertas. O jogador que possuir a maior soma será o atacante, enquanto o outro irá se defender. Se ocorrer um empate, o jogador que possuir a carta mais alta leva vantagem - o mesmo ocorre em qualquer uma das fases posteriores. Para se defender, o jogador com soma menor faz uso do seu segundo guardião, que então revelado neste momento.

Caso o segundo guardião não seja o suficiente para, junto com as outras cartas do jogador, vencer o ataque (ter soma superior à do oponente atacante), o primeiro guardião também é revelado. Caso ainda assim o jogador não atinja a soma necessária, o jogador atacante vence. Caso o segundo guardião seja o suficiente para vencer o ataque, este jogador então contra-ataca com estas cartas abertas (o primeiro guardião permanece fechado). O jogador que antes atacou agora se defende, reveleando seu segundo guardião. O mesmo se aplica: caso o segundo e primeiro guardiões não sejam o suficiente, o jogador que contra-atacou vence.

No caso do contra-ataque ser parado, seja na revelação do segundo ou primeiro guardiões, o jogador que foi contra-atacado faz um novo ataque. Caso o jogador que contra-atacava já tenha utilizado para tal seu primeiro guardião, ele perde. Porém, se o primeiro guardião ainda estiver oculto, ele também se revela para ajudar na defesa.

Quando o jogo termina: O embate final segue até que um dos jogadores tenhtas do adversário, aí inclusas a carta central (caso haja), as cartas conquistadas no duelo por ordens de ação e os dois guardiões. Acompanhando as imagens de A até N, é possível observar o andamento de uma partida completa particularmente difícil, onde todas as cartas, incluindo os primeiroes guardiões, foram utilizados até a vitória de um dos jogadores.