sábado, 25 de agosto de 2012

[Yacamim Livro 1] Capítulos 10 e 11

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Bom pessoas, fui asssaltado ontem na Lapa e estou um pouco remexido ainda com isso, então não vou fazer post inédito esta semana. No entanto, vão aí mais dois capítulos para o deleite de todos os meus três ou quatro leitores =P.


CAPÍTULO 10

A verdade. Complexa e cheia de riscos, mas finalmente estava esclarecido o motivo do terrível dia que tinha enfrentado. A proteção da Força havia caído, a Hélio-Hidra estava sozinha sem o apoio do banco, dominado pela Companhia. Vertigo descobriu o paradeiro dele, se apossou de Dan e com ele foi até Mauá, onde adentrou pela vida calma e pacata da cidade, transformando a vida de pai e filho em rapto e morte.
Isto o fez perceber algo que havia lhe escapado até então.
Dan...
Sim?
Então meu pai... era um hélio-hidrano? Se a proteção dele era feita desde o início pela HH,
certamente seu pai era peça fundamental deste esquema.
Sim, Yacamim.
Me chame de Victor, pelo menos por enquanto Dan. Era simplesmente estranho demais ver
seu amigo de década o chamar de um nome que havia acabado de aprender. Dan gargalhou, e to- dos na sala, até então calados, o acompanharam na risada.
Claro Vic, completamente compreensível. Seu Carlos era um membro muito respeitado e amado pela Hélio-Hidra, é uma perda irreparável. Não houve modo de alertá-lo para a chegada da Compa- nhia, nossos encantamentos em Mauá caíram junto com o banco e os membros de proteção foram todos dominados e mortos. Os poucos que conseguiram fugir ao cerco guardam apenas dor e la- mento,
Sinto muito pela sua perda, Yacamim. Uma senhora lhe falava, cabelos grisalhos encaracola- dos caindo aos ombros, rosto encovado e voz arrastada Eles entraram na cidade com uma agili- dade incrível. Tudo trabalho daquela Mafalda, mais conhecida como Leoa, e os capangas dela.
Leoa? Vic se sobressaltou Foi a mulher que entrou na minha casa! Que me capturou e...
Sim, Vic, foi ela mesmo. afirmou Dan.
Dona Márcia! Victor olhou de Dan para a mulher. Nem havia sinal de uma senhora chorosa e
triste. Ela estava calma, mas bastante séria, a expressão dura e fechada. Mas é claro, se Dan é da Força...
Sim, é verdade. O pai dele já estava na Força quando entrei, e foi aqui que nos conhecemos. Seu Carlos certamente se orgulha de ter desencarnado lutando para defendê-lo, embora tenha sido sem dúvida pego de surpresa com o ataque. Ele era muito hábil, mas Leoa certamente foi ainda mais. Ela sempre ataca com suas duas armas à mão, o tranquilizante e o revólver. Quando o alvo é duplo, a sorte é lançada. Àqueles que sobrevivem servem para semear o medo e o terror, e os com- ponentes do dardo tranquilizante distorcem a memória das vítimas. Já ouvimos relatos, as memórias soam ainda mais aterrorizantes, e as vítimas costumam ter pesadelos com tiros e Leoa pelo resto da vida.
Bom, Vic... falou Dan Sinto que já lhe contamos tudo. Repouse agora, temos nos fundos um quarto. Por segurança, continuaremos em movimento, até o reencontro na reunião semanal. Não sabemos que postura Vertigo irá tomar em relação à Força, mas receio que iremos descobrir antes de estarmos todos juntos novamente. Imagino, no entanto, que cada um de nós, que por tanto tem- po esperamos a sua chegada, queira lhe falar por um momento antes do fim do encontro...
E de fato, uma fila logo se formou diante do rapaz. Cada uma daquelas pessoas tinha um abraço caloroso para dar, palavras de carinho e confiança, risadas e lágrimas. Durante cerca de meia hora, Victor falou com cada um dos hélio-hidranos, abraçou famílias, riu com senhores e senhoras de ida- de, bagunçou o cabelo de crianças, se impressionou com a emoção de jovens e adultos que final- mente falavam com o herói prometido.
Quando a sala enfim se esvaziou, Vic estava esgotado. Com o acúmulo de informações e a refei- ção maravilhosa de mais cedo, a noite de sono parecia fundamental para assimilar tudo que ouviu.
Certamente precisaria refletir longamente pela manhã, e esperava que seu antigo amigo lhe desse espaço e privacidade para isso.

***

Victor abriu os olhos. Olhou para o relógio, era pouco mais de seis da manhã. Ia se levantando

quando percebeu um prato com pão, queijo e blanquet e um copo de leite na mesinha de cabeceira. Certamente o dia começava cedo por ali, pensou consigo. Se alimentou e apressadamente passou pelo salão da noite anterior, subiu as escadas e saiu do casebre.
De dia, a mata em torno do casebre era bastante acolhedora. Ou assim parecia a Vic, que estava acostumado a viver no interior e a estar em contato com a natureza. O carro que Amanda dirigiu com habilidade horas antes não estava mais ali, provavelmente a moça havia partido antes de Victor acordar.
Pouco a pouco foi se embrenhando na mata. Depois de um tempo, encontrou um tronco caído modelado e transformado em um confortável banco. Deitou ali, olhando os raios de sol que atraves- savam as copas das árvores, o vento agitando as folhas e mudando a luz levemente de posição.
Então, seu nascimento fora previsto por um manuscrito antigo, o mesmo que Vertigo lera para ele na mansão... Seu nome real era Yacamim, gênio e pai de muitas estrelas... o que isso significava? No que sua vida tinha se transformado? Em um momento, estava em paz, vivendo sua vida costu- meira... de repente, estava envolvido em um conflito de proporção continental. Em questão de 24 horas, fora capturado, teve uma conversa surreal com um líder de uma organização desconhecida do grande público e apresentado a um religião secreta, que via nele o grande herói prometido. O que diabos estava acontecendo? Por que agora, todas as coisas ocorrendo no mesmo momento?
Não queria entrar numa guerra. Especialmente quando seu papel era de salvador! Não se sentia pronto para nada daquilo. Era apenas um garoto, deveria estar voltando às aulas em poucas sema- nas, e não estar caminhando para uma luta da qual não tinha muita confiança de que sairia vivo.
Talvez fosse um engano? É isso, certamente tinham pego a pessoa errada. O herói do manuscrito deveria ser alguém corajoso e confiante na vitória, que trajasse a armadura assim que esta se ofe- recesse e fosse à luta. Este não era ele. Iria dizer a Dan que haviam cometido um erro, e tudo volta- ria a ser como antes.
O sol já reinava no céu quando Vic retornou para a entrada do casebre. Encontrou Dan prendendo uma mochila de camping nas costas.
Bom-dia disse o rapaz, descontraído Acredito que tenha descoberto o banco de madeira, não?
Oi Dan. É, descobri, sim... um lugar maravilhoso. Não é como a Jabuticabeira do quintal em Mauá, mas ainda assim...
É verdade, não é. Mas tudo que fez parte da infância tem um sabor único e inconfundível, não? Dan parou com um olhar sonhador, olhando para o céu. Todos os lugares que associamos com os melhores momentos de nossas vidas serão os melhores e mais belos, por mais estonteantes pai- sagens com as quais nos depararmos... bom, vamos?
Eu... não sei... agora diante de Dan, sua decisão parecia vacilar, temeroso da reação de seu melhor amigo, tão cheio de energia e animação para o início da aventura. Dan pareceu perceber,
porque o ficou com olhar indagador. Queria descer, sentir um pouco mais a energia da sala, pode ser?
O garoto de olhos verdes pareceu captar muito mais do que foi dito. Por um momento, continuou a olhar Vic com expressão misteriosa, até que abriu um sorriso.
Claro, eu vou esperar aqui.
Vic se encaminhou para a sala. Estava completamente vazia, as almofadas e pufes empilhados a um canto. Sem tantas pessoas ali presentes, era chocante o tamanho do espaçoso salão. Ele cami- nhou, observando as paredes, passando a mão pelas reentrâncias e ondulações tão habilmente elaboradas. Para sua surpresa, reconheceu entre os muitos rostos esculpidos na parede principal o de Apoena, Supremo que lhe falou na reunião e em sonho. Continuou a caminhar, atingindo a esca- da. Lentamente subiu por ela, desta vez observando o lado inexplorado na noite anterior. Depois de muitos lances, parou ao encontrar um rosto decididamente familiar: lá estava seu pai. Seu Carlos estava sorrindo abertamente na pintura, os olhos iluminados pelo sol poente.
Esta imagem repentina destravou as emoções do dia anterior em Victor. As lágrimas encheram seus olhos e ele não fez nenhuma força para reprimi-las. Logo chorava copiosamente, alisando a face do pai na parede. Apesar de todos os seus receios, de tudo que lhe fora retirado, ali Vic soube: não poderia fugir de seu destino. Seu pai, assim como tantos outros que ladeavam aquela parede, deram suas vidas para que ele pudesse estar em pé ali, respirando e livre, a salvo das garras de Vertigo. Não podia agora virar as costas e se recusar a cumprir o que lhe foi designado. Saiu mais uma vez para a mata.
Oi, Vic. Está pronto?
Estou pronto. Estamos indo para onde, afinal?
Como lhe expliquei ontem, precisamos continuar andando, por questões de segurança. Um
grande grupo em um mesmo local é perigoso e insensato. Há lugares que acredito que você deve conhecer. Vamos para o Rio.

CAPÍTULO 11

Como vocês souberam que eu era a criança do manuscrito?
Estavam nos fundos de um ônibus, indo em direção ao Rio de Janeiro. Vic estava com a cabeça encostada no vidro, organizando as idéias enquando observava as árvores e os postes de ilumina- ção passarem velozes por ele. Dan folheava distraidamente o jornal do dia, sem de fato ler as notíci- as.
Yacamim nasceria de uma das primeiras hélio-hidranas, sete noites após a perturbação que mudaria tudo.
Victor pensou apenas por alguns segundos.
Então... Uma semana após a ruptura da Liga?
Precisamente concordou Dan.
Eu guardei esta pergunta com dificuldade ontem, para fazê-la quando estivéssemos a sós...
Vic, eu sei que você se questiona, agora que conhece a verdade, quem é sua mãe. Embora sou-
béssemos que essa seria uma grande dor para você, faz parte do conjunto das dores que precisaria
carregar para cumprir seu destino. Seu Carlos não protestou. Mas sua mãe não o abandonou, Vic. Ela foi morta no primeiro embate que tivemos com a Companhia. Ainda estávamos começando a nos estruturar com o apoio do banco, quando Vertigo e seu grupo nos atacou Dan fechou o jornal e o enrolou nas mãos Como lhe expliquei ontem, ninguém que não pertença a HH pode entrar em nossas moradas. Os encantamentos protetores são tão fortes, que qualquer um que tentasse abrir a porta seria vaporizado, e seus eventuais acompanhantes carregados pelo vento e jogados a cente- nas de metros de distância. O fato de você ter aberto a porta ontem, não só entrando ileso como acendendo a nossa marca, confirma que é Yacamim. A partir daquele momento, você é um de nós, como na verdade o é desde que nasceu. Embora não soubesse, viveu o tempo todo ao lado de hélio- hidranos.
Dan apontou para ele próprio e sorriu. Vic apenas assentiu uma vez com a cabeça. Dan, como sempre, adivinhava seus pensamentos e sabia de suas incertezas. Mas o garoto não estava satisfei- to ainda.
Você ainda não me disse quem...
Vic Dan o interrompeu eu sinto muito. Não posso lhe contar o que deseja saber. A Hélio-Hi- dra pode apenas lhe ajudar no caminho, lhe apontar portas, mas você é quem precisa atravessa-las. Tenho certeza de que descobrirá mais sobre seu passado no momento certo.
Mais uma vez, Victor tinha dificuldade de aceitar isso. Estava o tempo todo cercado de pessoas que sabiam de informações extremamente importantes sobre ele, mas que lhe eram negadas. Sem- pre foi ansioso e seria difícil se acostumar com esta nova posição, em que teria descobrir tudo pelo desdobramento dos fatos e experiência própria. Fechou a cara e tornou a se encostar na janela. Dan apenas o fitou por um momento, retornando ao jornal em seguida.
O ônibus rodou lentamente durante toda a manhã, até chegar à única parada da viagem. Os rapa- zes desceram, foram ao banheiro e pararam em um balcão para se alimentar. Ambos pediram pão com linguiça e café com leite. Enquanto esperavam o pedido, Dan olhava em volta, apreensivo. Co- meram e beberam em pé mesmo, Vic observando o movimento das pessoas pelo local. Era uma mistura de mercado com restaurante em um grande galpão, e parecia haver de tudo um pouco. En- quanto olhava uma senhora escolhendo bolsas em um canto, um reflexo ofuscante bateu nos olhos dos dois. Vic se surpreendeu e se protegeu com as mãos, por instinto, da luz. Dan apenas o puxou dizendo "Finalmente!".
O que está havendo? perguntou Vic, confuso.
Não sabemos o que a Companhia está aprontando, mas ela certamente não descansará en- quanto não colocar as mãos em você novamente. Como Apoena lhe explicou ontem, Vertigo vê em você a chave para os planos dele. Por isso, não seguiremos viagem no ônibus.
Andavam apressadamente pela lateral do galpão, indo para os fundos. Ali, parado sobre a grama alta, estava o conversível. E dentro dele, ninguém menos que...
Amanda! Vic exclamou, surpreso. Ela sorriu para ele e se dirigiu a Dan.
Vamos, e rápido. Tenho certeza de que eles estão por perto.
Os dois entraram no carro e, em primeira marcha, foram dando a volta no posto de paragem. Ao

chegar na beira da estrada, viram os passageiros retornando, um a um, para dentro do ônibus. No entanto, quatro ou cinco permaneciam parados na lateral do veículo.
Muito bem falou Dan Um...dois...três...agora!!
Amanda arrancou com o carro e ganhou a estrada. Logo em seguida, vieram os tiros, zunindo por todos os lados. Eles se abaixaram enquanto projéteis acertavam o retrôvisor e a lataria, sons metáli- cos enchendo o ar. Mas a distância entre eles aumentou, e os tiros pararam. Vic olhou para trás e discerniu apenas o contorno do ônibus, além de cinco homens caminhando cabisbaixos de volta para o galpão.
Eles desistiram anunciou ele para os dois Estamos seguros.
Por agora completou Dan eles não vão parar por aí.
Seguiram em alta velocidade em direção a capital, o som da borracha com o asfalto formando a

monótona trilha sonora, apenas interrompida por carros passando na direção contrária.
Agora Vic relembrava a fuga deitado na cama de uma pensão na Avenida Brasil. Tiveram sorte, sem dúvida. Não sabia dizer se os homens estavam com eles no ônibus, porém se estivessem, po- deriam ter feito o serviço ali mesmo. Talvez Vertigo estivesse convencido de que ele se unira à Hélio- Hidra, e a solução seria liquida-lo. Ou talvez estivesse apenas tentando dar cabo aos acompanhan-

tes e retornar com o rapaz para a sombria mansão da Companhia... De qualquer forma, algo não saía da cabeça dele: como Vertigo conseguiu encontrá-los tão rápido?
Hospedaram-se em um quarto com muitas camas. No entanto, eram os únicos ocupantes da noi- te, o que daria tranquilidade e privacidade para o trio. Dan havia saído para comprar lanches para todos, enquanto Amanda vinha do banheiro, após tomar longo banho.
Lamento por essa fuga um tanto desastrada, Victor. Eu não esperava que eles fossem abrir fogo com você dentro do carro.
Tudo bem Algo mais importante o angustiava no momento. As balas que perfuraram o con- versível pareciam um detalhe do passado agora. Amanda, sinto um fluido energético correndo por mim. E uma desequilíbrio muito grande.
Estas palavras saíram dele de impulso. Mal acabou de falar, teve a sensação de que não fora ele quem as dissera, embora percebesse que eram totalmente verdadeiras. Os olhos da jovem brilha- ram, tal qual na primeira vez em que Vic olhou para ela.
Isto é uma notícia maravilhosa! Os passos do manuscrito continuam se realizando, você está se integrando com os Supremos. Os hélio-hidranos mais antigos conseguem perceber as nuances da energia, mas apenas quando estão em comunhão, protegidos e abençoados em nossas moradas. Apenas Yacamim teria tamanha sensibilidade. Ela se inclinou para frente, chegando perto dele e olhando-o com grande interesse. Vic se mexeu um pouco constrangido com a súbida atenção rece- bida. O que você está sentindo?
Bom... pensou ele. Era difícil traduzir em palavras o que estava passando por seu corpo na- quele momento, mas ele se esforçou Há uma claridade, uma luz muito alva e bela, que certamen- te já brilhou infinitamente em algum momento. Agora, porém, é apenas um reflexo de seus dias passados. Ela brilha fracamente, em tom de lamúrio e dor. Ainda é forte e vive, mas talvez não por muito tempo. Está em grande antagonismo com uma escuridão avassaladora. O breu é tamanho que a luz não é capaz de aplaca-lo. As travas parecem sugar o brilho tão rápido quanto ele surge. E crescem, aumentam de tamanho enquanto conversamos. O balanço pende para o lado escuro.
Foi o melhor que Victor pôde fazer. Havia ainda os calafrios, sensações tatéis, odores, gritos e lu- tas. Sons de metal contra metal, cortantes e agudos de gelar o sangue. Não foi capaz de interpretar tudo o que sentia, mas a profusão de sensações era tamanha que achou que seria incapaz de se levantar sem ir ao chão naquele momento. Amanda pareceu perceber, porque sentou-se ao seu lado e colocou a mão em seu rosto.
Nossa, você está ardendo em febre! Correu para o banheiro, voltando em seguida com uma toalha molhada no momento em que Dan abria a porta do quarto. Ele olhou da garota para Vic dei- tado na cama, e pareceu compreender. Deixou as sacolas plásticas com o lanche em uma mesa de canto e sentou-se ligeiro no outro lado da cama do rapaz.
É a energia, não é? Você a sente como se fizesse parte do seu cerne? Ela vibra junto com as batidas do seu coração, atenua e fortalece a cada respiração, bate à porta, convidada inesperada, e entra sem esperar por intimação?
É... respondeu Vic um pouco surpreso, pois seria incapaz de descrever melhor. Amanda sen- tou-se também na ponta da cama, e colocou a toalha molhada com cuidado na testa dele. O alívio foi imediato, embora já sentisse a água secando. A garota olhou para o recém-chegado.
Dan, esse não é...
Sim, um trecho do manuscrito. Lembrei das palavras no exato momento em que olhei para Vic. Dan virou-se para ele Não se preocupe, você vai ficar melhor. Sua força interior é maior do que imagina. Seu corpo apenas foi pego de surpresa, mas em breve estará sadio e acostumado com essa presença inesperada. Como você deve se lembrar das aulas de biologia, a febre é um aumento súbito de temperatura acionado pelo corpo para auxiliar no combate a um intruso, um organismo estranho. O jovem febril assentiu, se recordava muito bem Pois então. Acredito que o seu conta- to com a nossa morada acordou uma parte adormecida sua, que sempre esteve lá. Seu corpo está reagindo a essa novidade, mas logo será controlado pela maravilhosa energia que flui desta parte nova do seu ser.
Energia maravilhosa? Em que sentido? Vou subir pelas paredes, voar ou coisa parecida? Dan e Amanda riram, levando o comentário na brincadeira.
Acredito que não, Vic. Mas Yacamim é sem dúvida poderoso. Acho que será capaz de elaborar encantamentos, intervenções na energia e outras manobras que nem mesmo Deisy seria capaz de prever. Ante a cara de assombro que Vic fez, Dan continuou Não se preocupe com isso agora. Vamos comer, temos muito para fazer amanhã. Alguém topa uma partida de Uno para acompanhar a refeição? 

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